terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Sentado lá na sua mesa de trabalho, lembrava dos olhos verdes e

Sentado lá na sua mesa de trabalho, lembrava dos olhos verdes e adocicados que olhavam para ele na noite passada. Escrevia os versos como se os lábios dela cheirassem a sua poesia. No papel em que sua mão escrevia gostaria de colocar todos os sentimentos transgredidos a partir daquele olhar. Algo o fuzilava para que dos seus dedos brotassem palavras, frases, versos e música. Sentia que cada letra que escrevia era como se estivesse tocando uma melodia ao piano. Das lágrimas que saiam daquele verde na noite anterior conseguia compor toda a situação. Não esperava que em nenhum momento dependesse da fidelidade dela para ser feliz, só queria lembrar todas as imagens que teve durante todo o tempo em que se conheciam. Deixou de ser, e de acreditar em si mesmo. Vivia com a convicção de amadurecer na pessoa da outra. Soube perceber o tempo que errou, mas também o espaço em que foi julgado. De um modo aparentemente inesperado seu coração bateu forte ao perceber uma gota caindo na folha de papel. Das mesmas palavras que escrevia, ou tentava, queria que virassem notas musicais e introduzissem nos ouvidos dela um abraço. Não queria vê-la mais debulhada em lágrimas, apenas sorrindo. Não sabia o desespero que precisava alcançar para melhorar a sua poesia. Martelava no papel como se ela tivesse que sair à força. Angustiava-se por não conseguir. Mas sábio era o momento em que conseguiria. Sabido era a hora e o tempo em que bateria no ouvido dela seus sentimentos. Pensou em largar tudo, naquele momento, sair à rua e chegar mais que atazanado e correndo ao ouvido dela para dizer uma simples palavra ou frase. Não deixaria escapar nenhum transcorrer desse tempo. Mas ao bater pela última vez na mesa pôde perceber que o tempo dissipou-se e o que era feito, foi-se.

8 comentários:

Leo Sousa disse...
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Leo Sousa disse...

Ahhh esse do texto é vc né Rapha! só pode ser!
(to brincando.. sei quem tem algo de vc mas não é VC! rs)
Cara, muito bom esse post, quando eu lí pela 2 vez conseguí sentir um pouco mais e me imagina na situação. Com certeza foi o seu melhor post e o melhor que eu lí hoje! vc é o maior! rs

[]'s

Si disse...

Rapha, agora você se superou. Estou sem palavras diante desse post tão primoroso.

Lindo, lindo, lindo demais, moço.

Anônimo disse...

maravilha, hein, rapaz
estou pasmo!!!!!

Van disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Van disse...

Raphael, querido.....
"Tudo o que cala fala mais alto ao coração..."

O silêncio também pode ser ouvido.
Pra quem ouve com os ouvidos de dentro tuas palavras são nítidas e etéreas...
Jamais imperceptíveis!
O que tu és me fala tão alto que eu não ouço o que dizes.
Às vezes é assim....

Belíssimo post.
Belíssima carta.
Belíssimo sentimento.

Beijucas

Anônimo disse...

"Sentia que cada letra que escrevia era como se estivesse tocando uma melodia ao piano."

"queria que virassem notas musicais e introduzissem nos ouvidos dela um abraço."

Rapha, estou em estado de choque!Tá linda esta narrativa melódica!
É música para meus olhos e coração!!!!!
bjs!!!!Gisele

Anônimo disse...

Querido Rapha...
vc não imagina o qto fiquei emocionada.

damos as mãos, meu amigo.

Lindo demais!
beijos...