segunda-feira, 25 de maio de 2009

"Porque senão, como seria essa vida,
Sei lá, sei lá" - Vanessa da Mata


Sinto, ressinto, assinto.
Sinto cheiro, lugar, tempo.
Desejo de passar por mar
Há mar dentro do meu peito
Esquecimento momentâneo
Ponto entregue, distante.
Doação distante da tensa solidão.
Não dançar com dois pés
Conviver com quatro
No mesmo compasso,
tom,
mesma sincronia.
Já sinto o mesmo cheiro de antes

Porém, inovado.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Há preso em meus dedos versos
que não me saem do pensamento.
Eles estao desenhados no papel
consigo enchergá-los, mas não pegá-los.
Há saudade nestes versos
Prosa em proliferação,
Há mais música que poesia,
Há diversão em contemplação.

Já não consigo vislumbrar as cores, nem os sabores
só vejo o caminho lançado de letras
e vertentes que me fazem crer que são versos escritos
e não imaginários.

Há textura nas passagens
nos paragrafos, nas linhas
posso pegá-los.
São pagãos, visionários,
são dito à dores,
salvos e sãos por algum momento,
por outros presos e inconsequentes.
Mas estão lá em direção ao horizonte
Matando a falta que me fazem
a capacidade de escrever uma poesia.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Escapo todo do tempo

Inconsciente e lento

Rebusco o busto estufado de enfrentamento

De bater asas e aproximar profundo

Vou levando a sério que me deixa desacreditado

(Ou não?)

Escapo do vento

Rápido e consciente

Deixo-o resvalar sobre meus olhos

E movimentar meus cabelos

Sinto a vida passar

Não com tento de horas em horas

Contente de dias a pino.

sábado, 2 de maio de 2009

O Leite derramado de uma vida? É por ai que Chico Buarque derrama em prosa em seu novo livro. A evolução de um escritor é notável neste livro. Chico, que em minha opinião é o maior compositor que temos, avança passo a passo neste delicioso livro. Chico derrama a memória branca de um velho já com seus 100 anos de vida, deleitada por esse mundo. Branca e não menos branda vida aproveitada. Memória azucrinada por lembranças hora do passado, hora recente. Senti várias influências neste livro, Machado é o mais claro, o ritmo da prosa, a dúvida de uma traição por sua mulher. Mas também me fez recordar o personagem de Cem Anos de Solidão, o Aureliano, que saia com todas as mulheres, tinha o corpo todo tatuado. Porém, apesar de todas estas influências que percebi achei o personagem muito peculiar, singular. Chico abraça o mundo da literatura como o da poesia e da música. É um grande mestre e um grande ser. Não é o melhor livro dele. Budapeste é uma obra-prima difícil de ser batida. Mas se derramar junto às memórias, e ao sarcasmo deste velho Assumpção é ótimo. Leitura recomendada.