quinta-feira, 24 de novembro de 2011

dentro de cada saudade
existem vidas.

dentro de cada repouso
existem pensamentos.

dentro de tormento
existem palavras.

dentro de cada questão
existe apenas a vontade.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

os olhos se fecham, ou custam a se fechar, ou apenas querem se fechar, ou é a saída do fim do dia, do cansaço, do tédio, da melancolia. Tudo está lá, parado por aquele difuso olhar da expressão triste e cansada que os cílios da parte superior do olho quer encontrar os da parte inferior. O globo ocular já não é um globo, sua longitude é pregada no horizonte, distante das coisas desnecessárias, mas a luta é grande, para mantê-lo aberto e austero. Não é hora mais de brigar, muito menos de colocar as pontes necessárias para a travessia. Tudo que se espera é o sonho, mesmo que em preto ou branco, vazio, ativo, passivo, com medo, com horror, com alegria, com leveza, sorrisos ou lágrimas, tudo isso que o sono pode responder, que o sonho pode construir. Tudo dependente do sono, da cabeça deitada e dos olhos fechados. O sono...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

é no silêncio que ficar calado
não é silenciar


é no silêncio que os barulhos
urgem


que o pensamento aflora
que a felicidade apavora.


é no silêncio que pensar 
se faz com perguntas


é no silêncio que rezar
não é pedir paz


é no silêncio
que a fala se faz mais presente 
que ausente!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Tudo que há no mundo sonha
tudo que há no mundo some,

só um mergulho fará
com que não suma o sonho

e, portanto, consuma.
(mesmo que ele seja claustrofóbico)

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

da tristeza não se foge
da tristeza não se fode
da tristeza não se apaga
nem se sacode


da tristeza não se sente o pé
da tristeza não se apaga a luz
da tristeza não se conduz
à tristeza que se é


da tristeza não se respira
da tristeza não se conspira


mas é da tristeza 
que à felicidade se aspira.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sobre todos os lagos caminha a solidão,
sobre toda selva caminha uma ponta de esperança,
mas sobre toda meticulosa vida 
quem dá os passos?

terça-feira, 26 de julho de 2011

Rio Assim.


Água assim faz do rio sim,
Barco sim faz do rio assado.


Chuva que desce
faz do rio assim,
transporte de água assada,
asas no tubo da sua corrente sim.


Assim vai o barco,
pomposo e compondo o seu trajeto,
sim, vai sozinho,
a navegar na verde água do rio Assim,
que, assim, corre com a sua vida, 
passada a sim.

terça-feira, 19 de julho de 2011

boca azul de céu nos olhos
vento verde de mar nos ouvidos
gosto anis de flor na lapela da boca
vinagre de sal no coração do amor


labirinto rubro no corredor da vida
terra seca no fundo do oceano
natureza calada colada no quadro
na nuca, minha, o zumbido da abelha


o apito doente da pia
o pingo terreno do chão do chuveiro
careta da bagunça da casa do quarto
lá, onde você se entrega


cante ai,
verso na prosa


bilhete no alto dessa musica descomposta.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Para desanuviar a mente,
deixo o tempo presente,
para pensar num outro tempo.

Para anuviar a ideia,
deixo parar o mundo
e vou mais profundo
no universo restante.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Calma e sozinha 
ela caminhava pelas poças d´águas
sem fazer barulho para o frio, sem sentir o vento.


Ele só a observava,
fazendo as imagens 
uma cena de cinema.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Eu vejo um museu de grandes novidades",
um passado-presente,


uma dor ausente, um alívio remediado,
já é hora do presente-futuro,


enxergar à frente, descrente,
de tudo que ficou latente, continue presente,


deste modo, não mais que contente
a minha memória estará a proteger
este museu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Diga não que se grita forte,
Diga o contrário que se silencia,


Já não se acorda todos os dias para o silêncio,
Nem se anoitece gritando,


Mas há em todas as horas,
a disponibilidade para o tormento.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nem sempre tempo ausente é tempo perdido, 
nem todo receio é o que se desfolha de frente ao espelho,
nem o que se despedaça é tempo inocente,


não ao começo que se destrói,
sim à evolução,
nem sempre há tempo na vida,


por isso sonhe, ou durma!

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ah, como seria bom 
se 
            os seus olhos não fossem
apenas música
para
os
meus 
olhos descompassados.

sábado, 23 de abril de 2011

Eu to fora do tempo
Fora de rumo
Fora do prumo
Fora do eixo
Fora da análise
To fora de fazer minha parte

terça-feira, 5 de abril de 2011

Límpida língua
que exaurias o teu doce paladar
nesta noite fria
em que olho pela janela
assistindo o sonho passar,

Língua fausta
derrotada na submissão
extraviada para outro plano
deixas apenas o gosto torrão,

Língua, língua
que me cala e me faz falar
deita teu lábio
sobre a minha boca
para me fazer calar:
deixa-me apenas fazer-te respirar.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Apenas depois:
que a saudade se afasta
é que volto a vagar, devagar,
a divagar.

quinta-feira, 10 de março de 2011

é amor quando se pede bis;
quando se sabe saciar a felicidade;
sabe expor a ilusão;
quando é amor e apenas fica no quando;
é amor quando o fim, o meio e o começo viram amor;
é amor quando os dois sonham;
é amor quando não se presta atenção no mundo;
quando o mundo é apenas dois;
é amor quando se tem o mar nas mãos;
é amor quando se sabe deitar na grama e olhar o céu de mãos dadas;
é amor saber ficar aflito;
é amor mesmo quando não se saber amar.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Quando seus temores já não te passam mais medo,
quando seus heróis estão entrando ou escrevendo histórias,
quando eu trago meus olhos para perto do seu pensamento,
quando meu pensamento sorri com seu olhar,
quando eu apenas estou voltando ao mundo sem preocupação,
quando eu não me movo mais e apenas os fantasmas brincam,
quando eu mudo meu pés um para cima do outro,
quando o trem noturno assobia a sua despedida,
quando as sensações já não são sentimentos,
quando as sensações são apenas idéia para voltar amanhã,
quando eu apenas dedilho os versos do meu falar na minha mente,
quando os velhos tempos são boas memórias,
quando mudanças são apenas para deixar saudade,
quando acaba a hora de escrever para sentir-se livre,
quando acaba a hora da leitura,
quando a música de fundo vai diminuindo,
quando meus olhos vão se fechando,
é hora d´eu escrever sonhos,
é hora de dormir.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Felicidade ao vento (uma história de amor-clichê)

Quando ele chegou de frente ao mar lá estava ela deitada na areia, sozinha e sentindo, de olhos fechados, a presença do sol. As pernas longas, o corpo modelado e moreno, os cabelos esvoaçados pelo vento. Ele pensou em todo o clichê mundano do “amor à primeira vista”, mas ficar observando-a era apenas uma questão de estar, de tempo, de felicidade. Mesmo apreensivo resolveu chegar mais perto dela. Ao se aproximar conseguiu ouvir o som exalado pelo calor do sol e ver a água do mar que quase chegava a aqueles pés:

- Parece loucura, mas sua beleza é maior que toda esta praia.

Ela com medo, a princípio não respondeu, apenas sorriu.

- Parece loucura, novamente, mas é apenas o que gostaria de dizer.

Levantou-se e foi caminhando de volta para a saída da praia, andava de costas para o adeus ser desfechado pela minimização daquela mulher.

Ela foi embora com aquele homem e seu elogio no pensamento, talvez com um arrependimento de não ter pronunciado nenhuma palavra.

Melhor sentir e viver pra depois só dançar com as imagens na memória e ter uma história pra contar num domingo qualquer.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Na varanda,
ao som do ar,
à luz do vento,
variando a sua mente,
iluminando a sua frente,
para o tempo descansar.

A canção do cheiro da flor de laranjeira,
na varanda,
vadiando para deitar o corpo olhando o céu,
para destrinchar os buracos da lua,
e contar estrelas,
na varanda.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

um pouco de poesia faz qualquer noite solitária deixar de ser solidão

a solidão só não me seria tão amarga
se não fosse a lua que me faz companhia
nas noites em que os acordes
já me fazem falta.

a solidão só me é doce
quando sinto a respiração que sai da sua boca ao ficar perto do meu ouvido,
só me é doce a solidão nesta hora.

a solidão já não faz a paz que meu coração precisa
é a própria paz.

a solidão já me é viva apenas por fazer parecer
que o mundo já é água e não apenas ar.

a solidão já é antiga,
mas sempre renovada.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

No meu viver
sem estrela, tão só,
como admirar sem sofrer?

Deixa a vida, deixe a sua crueza,
pegue e apegue à minha mão,
sem contar os dias e as noites.

Venha, deite aqui na minha perna
és parte desse mesmo sofrer,
mas mais parte das minhas manhãs,
parte da minha paz.

Eu só escrevo pra poder te desenhar
eu canto, eu tanto, pra uma canção,
seja apenas a esquina da minha noite.