sábado, 27 de outubro de 2007

Depois de uma semana quase sem escrever aqui, ouvi o perfeito cd do Paulinho da Viola, acústico. E tive (como sempre uma surpresa) uma música sem palavras pra criticar. Escutando esta música escrevi um texto pequeno. Abaixo, música e texto:

"Saudade, vai dizer ao vento
Que a dor da desilusão passou
E saiba que não há tormento tão intenso
Como aquele que você me provocou
Saudade, tudo tem seu tempo
E o seu já terminou
Espero que depois de tudo que eu passei
Você me faça esse favor
Andei revendo tanta coisa em minha vida
E hoje posso controlar a emoção
Fui apagando cada sombra de amargura
Que havia dentro do meu coração
Agora, vou seguir outro caminho
Quem sabe esquecer o que passou
Saudade, diga ao vento que a tristeza dê um tempo" - Paulinho da Viola

Estava cabisbaixo sentado na cadeira à frente do pomar da sua casa. O portão que estava na sua direção continuava fechado. O sol iluminava o momento em que ele procurava uma felicidade. Queria um sinal. Finalmente começou a pensar que mudanças deveriam vir para sempre na sua vida. Então sobre as frutas e verduras do seu jardim começou a caminhar em direção ao portão. Desejava abri-lo, e proclamar que estava solto para o novo. Para o viver eterno dentro daquele peito ao qual a angústia tomou conta durante um certo tempo. Não pedia a Deus para que o novo amanhã acontecesse. Simplesmente resolveu nesta manhã levantar e caminhar. Abriu o portão. Sentiu o vento bater no seu rosto. Desejava falar com o ar, com os pássaros ou com todas as coisas inanimadas que estavam ao seu redor. Começou a falar. Falava ao vento que ele podia levar todas as tristezas, que a saudade já não ia imperar mais naquela angustiosa levitação que provocava no seu coração desiludido. Dizia palavras bonitas. Fazia o vento, também, feliz. Sorriu. Olhou o céu azul e pode observar que não havia nenhuma luz. Respirou mais uma vez e notou também que no seu peito não havia mais nenhuma taxa de amargura. Proclamou a sua liberdade. Começou a correr. Alcançou uma árvore que sempre a visitava desde sua infância. Subiu-a e sentou-se quase no seu topo. De lá rememorou lembranças que lhe traziam gostos de um doce. Ficou por lá até o entardecer. Viu o sol se pôr entre a serra. E ao mesmo tempo o nascer de uma noite enluarada começou a brilhar no horizonte negro e estrelado.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Vou jogando palavras
No meu pensamento
Que foram colhidas
Ao vento
Tentarei planta-las
E quem sabe,
Recolher seus frutos
Que são de amor
Vejo desses frutos
Luzes cintiladas de azul
Distantes,
Busco-as para aconchegar
Meu coração.

.poemeu.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Das tristezas do meu dia complemento-as com alegria. Todos os dias por mais felizes que sejam devemos transparecê-lo com um sorriso. Não imagino um palhaço na sua árdua tarefa de fazer todos em um circo rir, este não tenha um pingo de tristeza. Até para fazer rir às vezes ele tem que ser triste. Gosto desses opostos sentimentais. Fazem com que as pessoas fiquem mais atentas ou aquelas que querem ser mais atentas. Têm as que nem prestigio tem de serem alegres. Todas se entregam à triste solidão. Escrever é um ato solitário. Dói. Parece que algo está sendo arrancado da sua alma. Pedaços de pele estão saindo do seu braço. Mas essa dor não me deixa triste. Esta dor transforma-se em uma alegria, não constante, mas momentânea. É, não adiciono às alegrias do meu dia tristezas repentinas. Claro, seria insano.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A saudade sempre vem
Bater à porta do meu pensamento
Mas dela só guardo
os seus momentos, o seu cheiro (ou gosto)
nas minhas memórias.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Hoje estava ouvindo rádio e descobri que há 99 anos nascia um dos maiores compositores que existiu nesse país. Um dos meus músicos e poetas preferidos. Cartola. Esse mesmo que fundou a Estação Primeira de Magueira e que fez sambas poeticamente geniais. Um boêmio nato. Viveu muito tempo na Lapa no Rio e fez de lá um acervo musical. Fez de letras e melodias hinos que hoje poucos conhecem, infelizmente. Sou fascinado por tudo o que esse mestre fez, por tudo o que ele significou na história da música brasileira. Ouvindo Cartola sinto a inspiração em forma de poesia.
Uma das minhas canções preferidas (se é que é possível isso):

Surge a alvorada
Folhas a voar
E o inverno do meu tempo
Começa a brotar
A minar
E os sonhos do passado
Do passado estão presentes
No amor que não envelhece jamais
Eu tenho paz
E ela tem paz
Nossas vidas
Muito sofridas
Caminhos tortuosos
Entre flores e espinhos demais
Já não sinto saudades
Saudades de nada que fiz
No inverno do tempo da vida
Oh! Deus! Eu me sinto feliz.




Salve Cartola sempre! "A sorrir eu pretendo levar a vida"

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Em certos momentos tenho a convicção que a vontade que existe dentro das minhas idéias de mudar, ou querer mudar o mundo são ilusórias. Não sei bem ao certo quem está com a certeza, se são as pessoas erradas ou as certas. Sempre tive, por mais monótona que fosse a minha inventibilidade, de que não fazer as coisas com normalidade seja o além óbvio. Não sei por que, mas as coisas e as pessoas que são normais não tem sempre o direito e a pronuncia de mudar algo como quanto as pessoas que não são normais. Ter um pouco de loucura e ousadia é algo magistral para levar isso que chamamos de vida. Eu vejo árvores verdes no meio de tantas que estão secas. Será que esta que está com suas crias ainda verdes lutou para sobreviver neste céu azul? Ela ousou ou teve apenas sorte? Será que todas as pessoas e as coisas que estão presentes no mundo não são propícias a aceitarem o que a sociedade impõe? É complicado. Há tanta desonestidade e tanta infidelidade que é difícil hoje ser um normal. “Eu juro que é normal não ser um normal” já dizia a música dos Mutantes. Então pensando por esse modo e até mesmo a música nos faz pensar assim, não é melhor buscarmos ser o nosso próprio Deus? Uma palavra certa para a vida é ousadia, que ao seu avesso, a covardia, nos deixa com mais heroísmo para conquistar o que desejamos. Infelizmente, isso subestima os normais. O normal não ousa, muito menos enxerga além do óbvio. É isso, se de louco e médico todo mundo tem um pouco, acho melhor ser louco principalmente. Mas não com insanidade!


“Todos somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento. Só não passa quem não sente; e os mais altos, os mais nobres, os mais previdentes, são os que vêm a passar e a sofrer do que previam e do que desdenhavam. É a isto que se chama a Vida.” – Pessoa

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A tristeza

Há uma lágrima derramada
Triste
Há um amor esquecido
Vivo
Há uma tristeza sem fim
Feliz
Há um pranto sem choro
Livre
Há uma vida clara
Morta




.poemeu.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

LV - No concerto no Rio você criticou Lula, mas também a oposição. O Brasil leva demasiado a sério tudo o que Caetano diz?
Caetano -
Não creio. Não estou muito perto dos artistas da minha geração que dão opinião política sempre. Hoje já não se faz muito isso porque os artistas não têm tanta vinculação com a política. Em compensação, os políticos estão mais parecidos com os artistas pop, a forma como se faz política é pop. Mantenho-me à margem. Alguém disse em um blog que já não agüentava mais Caetano opinando sobre qualquer coisa. Ninguém agüenta mais Caetano opinando. Adoro que digam isso.


Entrevista do Caetano pro La Vanguardia. Eu vi esse cara ao vivo. E ele é fudido. Um certo tempo minha opinião sobre ele era desastrosa, mas uma opinião a respeito dos dias de hoje. Ele é um dos Caras desse país. Depois do show mudei minha opinião. Claro que ainda tenho alguns contras, mas "os políticos estão mais parecidos com artistas pop, a forma como se faz política é pop". É uma algo para ter uma relevância. Salve Caê!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sentidos


Fiquei mudo
ao não enxergar
o cheiro, o gosto
(das coisas)
que peguei.


.Poemeu.