terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Saudade

Hoje me deu saudade da tarde
De sentar em frente ao mar e de estar ao seu lado
De saber que mesmo na hostilidade
Eu tinha todo sentimento encubado e nutrido
De sentir a sombra do seu cabelo ondulando com o tempo
De saber que se tivesse um anjo perto de mim, esse estaria ao meu lado.
Hoje me deu saudade da brisa leve que tocava a tez dos nossos rostos
A mesma brisa.
O mesmo sol que iluminava meu pensamento
Levava o seu para longe
Mas o meu estava perto
Hoje me deu saudade da vontade de lhe abraçar
De pegar na sua mão e de beijá-la
De me adaptar ao tempo para poder respirar
Deu-me vontade de fazer as suas vontades
De fazer um poema naquele instante.
Hoje eu estou com saudade do seu abraço em paz.
Hoje me deu saudade
E ai eu pisquei para o mundo
E vi que
Saudade é só para lembrar.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Eu tento fazer um poema em um canto
Onde canto um canto
Em pranto
Sozinho e tonto
Sinto-o esvair em desencontro
No entanto
Em sutil desamor toco meu canto
Em prol do meu encanto
No desalento e tanto
Planto o meu canto
Silencioso no meu canto
Canto o meu pranto.
"Canto que é de canto que eu vou chegar
canto e toco um tanto que é pra te encantar
Canto para mim qualquer coisa assim..."

domingo, 7 de dezembro de 2008

Sabe você o que faz com seus olhos?
Sabe você a vontade que dá de ficar olhando-os?
Sabe o que faz de mim?
Eles roubam a poesia presa na minha boca
Deixam-me mudo
Estático
Fazem-me pensar
Sem querer poetizar
Com leveza, com exatidão.
Se eu os tivesse em mãos
Eu esculpiria outros versos
Viajaria com eles
Guardaria só para falar ao seu ouvido
Que eu os fiz
Só para te ver sorrir.


Para os mesmos olhos de ressaca.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A cegueira que me deixou mudo

Ensaio sobre a cegueira é um dos livros mais intrigantes que eu li. Foi o primeiro livro que li do Saramago, quando tinha 19 anos. Naquela época foi surpreendente e ao mesmo tempo apaixonante descobrir a literatura deste português. O Saramago sempre tem um pé atrás em deixar que filmes ou peças de teatro sejam baseados em suas estórias. Quando eu soube que o Fernando Meirelles estava por trás do projeto de levar às telas o livro, pensei comigo mesmo que estaria em boas mãos. E não me enganei. O filme me deixou com a mesma sensação de quando li a estória, no livro temos o senso de que iremos ficar cegos ao terminá-lo. Meirelles dá um show de direção, a fotografia do filme é belíssima. A degradação do ser humano é passada de forma tão especial no filme que cria uma surpresa e ao mesmo tempo uma angústia de saber que a qualquer momento pode acontecer isso, não necessariamente todos ficarem cegos, mas um caso parecido, de pessoas com problemas ficarem trancafiadas em quarentena. Juliane Moore dá um show, a personagem dela, a mulher do médico, é a virtude em pessoa. O perdão, o entendimento do extremo que o humano pode chegar a situações que não está adaptado. Os atores sem maquiagem dão mais vivacidade ao filme. Agora entendo a emoção do Saramago quando assistiu ao filme ao lado do diretor e este lhe beijou a face pela emoção e agradecimento do autor. Sinto-me orgulhoso por este filme ter sido feito por um brasileiro. Um filme marcante, reflexivo, que deixa qualquer um estático o tempo todo, pela beleza, pelo desespero dos personagens, pela beleza e tristeza da cegueira branca. Podemos ver o quanto uma sociedade dividida não é capaz de se unir, o tamanho é a mediocridade de alguns querendo ganhar à custa dos outros. Mas há momentos felizes, cenas marcantes em que um senhor ouve um radinho de pilha e todos estão juntos com ele; o cachorro; a chuva. É Saramago, Meirelles, Moore, a bela Alice Braga nos melhores momentos do cinema.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Para uma loira com “olhos de ressaca”

É como se eu olhasse o mar
E sentisse uma brisa leve
Saindo da claridade dos olhos seus
É como se o sol que iluminava
Estas águas
Batesse em meu peito
E raiasse os mesmos pontos dourados
Dos seus cabelos
É como se eu quisesse juntar cores e coisas
Para transformar num só presente
Quem sabe em versos
Quiçá aplausos
É como se eu já soubesse escrever pra você

E por aqui ficaria boas horas
Só admirando o mistério dessa luz que me cega...

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Hoje eu não prevejo o olhar da noite
Só o que as estrelas me dizem
Já me fazem ter vontade de sorrir
Não, isso não quer dizer que há felicidade
Mas que a noite me deixa contemplativo
Olhando pelos buracos negros dos meus dias

Hoje vejo que a eternidade está aliada ao meu desejo
Que cada verso que escrevo
É como se fosse a nota musical
Que daria sustento a um concerto inteiro

Hoje sinto que os instintos momentâneos
Que preenchem cada vão abstrato do meu ser
Fazem de mim substância

Sustento o que for para falar do que eu já não sei mais
Dou colorido a cada estrela que quero criar no meu céu
Ainda não há lua
Mas o que guardo em meu peito
Fá-la-á

Toco o piano
Sem o saber
Mas a música sai
Por inteira
Em uníssono

Danço comigo mesmo

Sinto o mesmo cheiro
Que certas noites me trouxeram,
Lugares que estive
Olhares que me observaram.

Já não danço sozinho,
Já não ouço o silêncio.

A lua começa a dar sua cara.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Escrevo estes versos
De uma memória saudosista
De tardes perdidas de admiração
Versos que eram para ser escritos no vento
Deixo passar a mão pelo papel
E encontro vazio
Apenas memória
O ar que habitava os lugares
Onde passos foram dados
Já se encontra poluído
Turvo e em chamas
Mesmo em labaredas de saudade
As tardes em frente ao mar
Estão dispersas em um campo longínquo
Onde a razão não se movimentou
Só enxergou
O ar que respirava
Era o mesmo que me fazia viver
Desperto do mundo e da vida
Sento no chão e penso
Com sentimento de falta
Sem sentir.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


“Eu acho o Chico Buarque um horror, um equívoco, um chato, um parnasiano. O Olavo Bilac é muito mais moderno que ele. Ele faz uma música anêmica, sem energia, sem vivacidade, parece que precisa tomar soro. A Bossa Nova é a mesma coisa, uma música easy listening, que toca em loja de departamento quando a gente vai comprar uma meia.” - Lobão

Lobão quem? Quem é?
Eu respeito a opinião dele. Meio clichê:"Cada um no seu quadrado", eu um dia ainda quero saber a opinião dele sobre o Lobão, ele mesmo. Porque vai ser chato assim lá ao lado do Caetano Veloso viu! hehehe É só uma opinião.

PS: Eu gosto do Caetano, e também genial, só o acho chato várias vezes, a maioria das vezes posso dizer.

domingo, 2 de novembro de 2008

Domingo

É doce por horas
É amargo por vezes
É som em silêncio na minha cabeça
É momento de preguiça
De sono, de vento no rosto.
É sonho em imensidão
Tempo que passa devagar
Que não passa
Chance de mudar, de se transportar
Ficar estático no mesmo lugar
É a pergunta de onde está minha mente
Meu pensamento
Meu presente
É gostar do incerto
É dia de previsão da semana
De lembrança da noite anterior.


"I was swimming in the Caribbean,
Animals were hiding behind the rocks,
Except the little fish...
Way out in the water,
See it swimming?...
Where is my mind?" - Pixies

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Rebento

Rebento
De Luz em produção
De primeiro choro em voz aguda
Estridente
Rebento
De verde em profusão
De acalorada lágrima por nascer
Rebento
De águas profundas
De seres destemidos
De vida
Rebento
De destino sórdido
Obscuro e misterioso
De devaneios agnósticos
De ilusão
Rebento
Em vida brincada
Trancada e por vezes
Lançada
Rebento
De flores, frutos.
De vidas.
A sós.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Alguns sabores do meu ouvido.

De dia amanheço
Com o som de Bethânia entoando “O quereres” do mano,
À tarde tardeço
Com Ná Ozzetti, Ceumar,
Com as suas homilias degustativas e auditivas.
Em cada verso noturno
Amo com a agressividade, delicadeza e outrora despudor
Da Rita, da Maria, da Elis, da Marisa.
E no cansaço da minha noite cheia de fogo
Anoiteço e adormeço
À suavidade da Adriana.

Noutros dias
Seja à vontade da voz masculina fazê-los
Acordo com Caetano ou Milton fazendo-me crer no dia.
Inicio com vontade de enfrentar o jogo
Assim, ouço Moska, Vinícius e Jobim.
Almoço.
Poetizo-me com Chico, sempre Francisco
Entardeço, com a justificativa de o som que toca nessas horas
Tomar uma cerveja na boemia do fim de tarde
E agradeço a Paulo César Pinheiro e João Nogueira
Que me levam ao Deus dará da via escura da rua noturna
E ai não vejo as horas
Prevejo o amor.

Estrangeiro-me por divisas líquidas deste mundo
Atravesso mares e fico mudo
Ouço e minh´alma canta
Justifiquem ouvir “Do the evolution”
Para o grunge dentro de mim resplandecer.
É de Beatles afora de minha época que me transporto para a mesma.
Com mãos extravasadas que Diana Krall faz o jazz da minha contemporaneidade.
A voz de Norah Jones aguça minha poesia
A loucura de Winehouse eleva-me a evolução novamente.
Stones começa o rock da minha outra vida noturna
Fazendo-me dançar e cantar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O meu passo no seu olhar
O seu olhar no meu
O seu olhar no céu
O meu olhar no seu
O seu olhar no meu
No meu verso
Na minha alegria
Nem meu caminho no seu olhar
Nem seu céu no meu olhar
Nem seu olhar
Nem o meu.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Foi embora na noite, controverso ao seu tempo. Não quis saber de nada, não deu tchau, nem adeus para os que lá estavam. Foi embora com o vento batendo no seu rosto. O ar frio da noite cálida, ferozmente arredia em seu peito. Gostava da noite. Não gostava das estrelas nem da luminosidade que a lua produzia no chão onde pisava. Gostava da noite, do escuro e de tudo o mais que encobria o seu rosto. Sorria só para si. Todos os planos escorriam pelo bueiro no caminho para sua casa. Via as pessoas gargalharem nas vielas cheias de podridão e boemia. Não queria ter escolha nem vontade de estender-se junto à putaria que desembocava daqueles lugares escondidos. Gostava da noite. Inspirava-lhe a sensação de liberdade por caminhar solitário pelos retângulos das ruas. Gostava da rua. Às vezes o sereno que o céu mandava o fazia sentir um pouco de frio. Mas mesmo assim continuava pela noite adentro. Percebia somente a sua respiração. Era disso que gostava. Da solidão. Não importava com a vida. Era da noite que gostava. Chegou ao prédio. Não cumprimentou o porteiro. Entrou em seu apartamento. Deitou-se na cama. O gato pulou na cama para sentir o cheiro do dono. Cobriu-se para afastar um pouco o frio. Olhou pela fresta da janela o dia já começando a raiar. Fechou os olhos. Da noite era que gostava.

sábado, 4 de outubro de 2008

Eu não quero uma noite solitária

Sem lua, sem estrelas, sem nada.

Não quero revolta nem volta

Quero apenas um desejo,

Um trecho

A trajetória de um sorriso, um beijo

Quero estar seguro, preso, amarrado a um abraço.

Desatado da vida

Um bêbado sem saída.

Almejo uma proposta de fuga

Uma felicidade instantânea

Para uma madrugada a dois.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
Quando eu estiver fogo
Suavemente se encaixe

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce

Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Mesmo que o mundo acabe, enfim
Dentro de tudo que cabe em ti



Letra da música Sutilmente do cd novo do Skank. Letra lindíssima, música também. Skank voltando com um ótimo pop. Gostei muito do cd.

Em uma catedral de Ribeirão Preto o dízimo poderá ser pago com cartão! Eu nem sei o que falar disso. Como tem gente idiota nesse mundo.

domingo, 28 de setembro de 2008


"Não me chames dissimulado, chama-me compassivo; é certo que receava perder Capitu, se lhe morressem as esperanças todas, mas doía-me vê-la padecer. Agora, a verdade última, a verdade das verdades, é que já me arrependia de haver falado a minha mãe, antes de qualquer trabalho efetivo por parte de José Dias; examinando bem, não quisera ter ouvido um desengano que eu reputava certo, ainda que demorado. Capitu, refletia, refletia, refletia..."
Machadão - 100 anos Qualquer um que o lê se apaixona por literatura.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O tempo diz
O dia mente
A noite atormenta
O tempo fala
O dia amante
A noite galopante
O tempo venta
O dia triste
A noite solitária
O tempo distancia
O dia escreve
A noite rima
O tempo saudoso
O dia esperançoso
A noite adormecida

A noite acabada
O dia raiado
O tempo de sempre
Ausente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008


“Aponta pra fé e rema”

Ondula-se na água
Paisagem vista de fora
Vento no rosto
Dobra
Peito ardido e doloroso
Maré em forma de pensamento
Vento contra
Vida a favor
Saudade acostumada
Volta peregrina
Vaga
Solidão necessária
Traje de dia-a-dia
Discórdia do querer
Vontade de amar
Lembrança corrente
Corrente, corrente, corrente
Barco em maré
Amanhã dedicado
Pescador com olhos em terra
Terra distante
Saudade constante.

domingo, 31 de agosto de 2008

Recado do político honesto

Eu estou aqui para pedir o seu apoio, a sua mais contundente e verdadeira vontade, necessidade e afirmação perante a democracia. Eu preciso de você para seguir o meu caminho. Preciso que você pague os seus impostos fazendo com que eu receba o meu precioso salário. Não vou prometer nada. Tenha certeza que se tiver que roubar, o que for preciso, sumirei com toda a grana e toda a corja, sem deixar rastros e nem outros tipos de pistas. É, eu vou ser honesto com esta profissão. Ah, você não sabia que ser um político hoje é uma profissão? Ah, você achava que para ter uma profissão era necessário fazer uma faculdade? Não! Pra ser político basta ser honesto consigo mesmo e seguir à risca as gargalhadas que damos da cara de vocês. Lutarei por você em todas as ocasiões, tenha certeza, porque é nelas que consigo obter um aumento de salário. O salário é muito pequeno neste país. Quando você vier me pedir um emprego, atenderei seu desejo, mas não darei uma resposta instantânea, apenas direi que farei o possível para lhe ajudar. Eu vou me tornar o exemplo de político para todos, quero fazer o melhor para nas próximas eleições sempre me eleger com o maior número possível de votos, mostras mais que publicamente que se faz um país de gente honesta pela vontade da população. Não adianta os outros prometerem pontes, viadutos, estradas, melhorar a saúde, criar dia disso ou daquilo, falar para o próprio bem. Não acredite! Nós somos profissionais e todo profissional briga pelo próprio proveito. Nós também somos humanos, temos que nos sustentar, sustentar a faculdade dos nossos filhos em Harvard ou na Sobourne, preparar um asilo da melhor qualidade para os nossos pais. Quando eu abrir a porta do meu gabinete quero encontrar minha mulher ou meu genro ou meu filho ou qualquer pessoa da minha confiança lá trabalhando, marcando e desmarcando as reuniões chatas que eu tenho que agüentar por causa de você. Aliás, você concorda não? , que reunião é uma das coisas mais inúteis que existem. Saiba que pedirei para meus assistentes pesquisarem na internet projetos de melhoria para a sua cidade, encontra-se muita coisa boa e interessante, eu só não tenho muita paciência para fazer isso. Meu salário é muito pouco pra isso também e então com a ajuda a mais que tenho todos os meses eu os contrato. Mas coitados, eles ganham tão pouco por isso. Fazer o que?, sabemos que emprego está muito escasso atualmente. Mas pra finalizar este meu recado pra você meu caro amigo, peço novamente a sua ajuda para eu colocar no papel e na minha conta bancária os meus projetos. Você decide a minha vida e eu colaboro com a sua. E pra você ver como minha profissão é dificil, o meu contrato dura apenas 4 anos. Está vendo como a minha profissão depende muito da sua? Ajude-me a viver.



“A gente não está com a bunda exposta na janela pra passar a mão nela.”

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

As olimpíadas

"Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza."


Espelha?

Este é o evento mais emocionante que existe, não por causa das participações do nosso país mas por todo o limite ultrapassado pelos atletas. Aconteceram vários erros e vários acertos para nós. Acho excelente ficar em décimo na ginástica, na outra olimpiada ficamos abaixo disso, isso é evolução. Não somos um país olimpico, a fdp da imprensa torna o Pan uma ilusao para qualquer brasileiro, não adianta. Conquistar uma medalha de olimpiada não é facil não, e quem a conquista é um grande vencedor! Os grandes culpados de o país não ser uma potência olímpica são o COB e o ministério dos Esportes que não investem devidamente no esporte. Você sabia que não tem campeonado de vôlei nos EUA!? Pois é, quem ganhou o ouro no masculino!? Há muito o que se discutir a respeito disso. Particularmente ficou faltando o ouro no futebol feminino, mas essas meninas já são premiadas pelo que fazem. E o ouro que eu mais torci foi o do vôlei feminino. Mas acho que nada é mais emocionante que uma olimpiada. E o grande nome dessa olimpiada para o brasil é o judoca que pediu desculpas para os pais por não ter conseguido a medalha. Esse sim mostra a realidade dos esportes hoje aqui, mas mostra o carater, honestidade, humildade de um povo que é esquecido (infelizmente tenho que ser demagogo aqui). Me emocionei sim com a medalha do Cielo, em nenhum momento eu vi pessoas invadire, e quebrarem o protocolo, para abraçar o vencedor em outras provas, isso é coisa de brasileiro. O momento que o Gustavo Borges desceu para abrçá-lo foi histórico de se ver, o ídolo abraçando o fã que abava de ser campeão. Falei de superação não? Quer exemplo melhor que o ouro da Maurren? É Isso. Ver o nosso Hino, o mais bonito que exite, ser executado ao lado das bandeiras de China e EUA é de deixar os olhos mareados. Só pra terminar. O dinheiro que está sendo gasto, e será gasto para as Olimpíadas de 2016 aqui devia ser investido no esporte. Portanto, Não ao RIO 2016. Qual o esporte mais praticado nas escolas do brasil hoje? Handball. Em qual posição ele ficou nas Olimpíadas?

domingo, 24 de agosto de 2008

Escrevo não sei o porque
Escrevo sem caminho, sem ida, sem destino
Escrevo sem audácia
Escrevo sem amor e sem desamor
Escrevo como se tivesse dedilhando um violão
Como se apertasse as teclas de um piano
Escrevo para ouvir as palavras saírem do papel
Escrevo sem ter musa
Por simples alegria ou apenas cafajestagem
Escrevo para compor meu samba
Sem ao menos saber cantar, compor
Ou ter ritmo
Escrevo inerte ao tempo
Sem ter o mar à minha frente
Mas com o cheiro da maresia
Que brisa meu rosto contemplando-o em meus sonhos
Inspiro-me,
Puramente por escrever.

domingo, 17 de agosto de 2008


Não tinha onde morar
Morava na areia
De vista pro mar e pra amar
Amava
Doralice
Marina
Anália
O mar
Há mar
Para quem requebrava, dava-lhe um doce
A sua baiana, comia vatapá
E no mar cem barquinhos brancos
Jesus a levava.
Era a sua morena do mar
Só louco amou como ele amou


Para Caymmi, que faz qualquer um ficar mole com o samba da terra dele, e quem não gosta dele, “bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé”; que deixou três preciosidades para a nossa música; Dori, Danilo e Nana, que faz qualquer um ter saudade da Bahia, sem ao menos nunca ter pisado em terras perto. Caymmi que me fez amaromar.


"E assim adormece esse homem/ Que nunca precisa dormir pra sonhar/ Porque não há sonho mais lindo do que sua terra, não há"

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Sobra tanta falta no desejo
Falta tanta tentação no vilarejo
Vejo e prevejo
A falta do caos instalado
A falta da lama espalhada
Falta tanta coisa nos seres normais
Falta tanto sorriso nos rostos solitários
Falta muita vida nos delinqüentes esquecidos
Falta tanto amor nos desesperados
Nos inconvenientes que não sabem amar
Falta tanto tempo para suprir a falta
Falta tanta mansidão para muita correria
Falta lágrima na emoção
Falta espaço na mente para terminar em versos.

domingo, 10 de agosto de 2008

Era utópico o que ele queria, mas tinha em suas mãos a vontade de mudar o mundo. Não sabia desprezar os acontecimentos ao seu redor. Deitado na grama ao lado da sua casa olhava para o céu, ouvia um sabiá cantar, não ao pé do seu ouvido, mas à clareira que lhe abria ao lado seu, onde ela estava na varanda, soltando aquele som que lhe levava para o seu interior próprio e desencantando. Sim, o mundo o deixava desencantado, daí o ponto de sonhador. Ficou lá pensando, pensando. Não queria estar sozinho, nem estar com aquela tristeza empenhando em lhe fazer desacreditado. Levantou-se e foi ver o que tinha para fazer dentro de casa. Começava a mudar o mundo, não o exterior, mas o próprio.

Eu não gostei desse texto não, ficou meio Paulo Coelho, mas taí!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Penso agora no silêncio da minha noite
O que rola, o que roda, o que escorre do mundo
De putas a pagãos
De santos a desmiolados
Não sei que faz de mim silencioso
Só sei que do mundo
Giram as coisas que não me deixam em silêncio
Fazem-me escrever algo onde nenhum som lavra pelos meus lábios
Carregam apenas a esquiva necessidade
De ter a natureza mundana
Entorpecente pelo meu vermelho interno e intenso.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Fazes-me falta

Na festa da literatura em Parati deste ano me apaixonei instantaneamente por três mulheres. Vou comentar aos poucos cada uma delas. Começarei por Inês Pedrosa, uma escritora portuguesa, já tinha ouvido falar dela e assistido a algumas entrevistas, mas nunca tinha lido nada ainda. Ela participou de uma mesa com outras duas escritoras, Cíntia Moskovich e Zoe Eller com o tema Sexo, Mentiras e Videotape. Discutiram várias coisas, entraram-se no assunto, sempre chato, de qual a diferença entre literatura feminina e masculina, e como elas eu concordo que não há divisão. Adquiri o livro da Inês, Fazes-me falta, o qual ela autografou muito simpaticamente, escrevendo na dedicatória “Para Raphael (que tem nome de anjo e de personagem)”, coisa que até me emocionou. O livro é absurdamente fabuloso, deixa-nos inebriado de poesia, de sentimento, de fazer crer num amor, muitas vezes melancólico, mas outras, o amor que todo mundo vive, o amor carnal. A estória é recheada de um lirismo incomparável, é um dos melhores livros que eu li nos últimos tempos e com certeza será um dos meus de cabeceira. Através de uma impossível realidade, conta a morte de uma mulher precocemente, esta que escreve troca crônicas com o seu amigo-amante que restou na vida mundana. Fez-me emocionar várias vezes passagens e obrigatoriamente para quem admira uma literatura de excelente nível é certo esta leitura. Os dois personagens são adoráveis. A saudade e falta que um faz ao outro é ao mesmo tempo que angustiante, puramente belo. É isso, vale a dica. Ah! As outras paixões, outra hora eu conto.

“O dia desaparece no horizonte – menos um dia na minha vida, estou mais perto de ti.”
“Fazes-me falta. Não consigo te inventar”

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O meu amor tem limite
É convexo e desconversa.
Tem alma de exagerado e corpo que afaga
O meu amor sabe colocar ponto final no começo, meio e fim.
O meu amor não sabe amar
Despreza o possível
E afia o leal
Glorifica o tempo
É um cativeiro ambulante
O meu amor tem o pensamento da cor do sorriso dela.
Incendeia o gosto amargo de não saber amar.



“Quando o amor tem mais perigo
Não é quando ele se arrisca
Nem quando ele se ausenta
Nem quando eu me desespero
Quando o amor tem mais perigo
É quando ele é sincero.” - Cacaso

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Isso ai abaixo foi copiado do blog do Marcelino Freire, um cara, que sinceramente eu nao gostava muito, mas depois de ter sido atencioso na Flip passei a gostar e a prestar mais atenção no blog dele.

Então ai vai, entre aspas:

101 RAPIDINHAS EM HOMENAGEM A DERCY

[001] Cu.
[002] Cuzão.
[003] Buceta.
[004] Rola.
[005] Viado.
[006] Puta.
[007] Merda.
[008] Bosta.
[009] Pau.
[010] Caralho.
[011] Cacete.
[012] Pentelho.
[013] Corno.
[014] Vai te foder.
[015] Vai te lascar.
[016] Vai tomar no teu cu.
[017] Bundão.
[018] Fresco.
[019] Arrombado.
[020] Escroto.
[021] Enfia o dedo na buceta.
[022] E cheira.
[023] Seu safado.
[024] Chupa-pinto.
[025] Puxa-saco.
[026] Porra.
[027] Vai para o inferno.
[028] Filho-da-puta.
[029] Rapariga.
[030] Mané.
[031] Idiota.
[032] Imbecil.
[033] Besta-quadrada.
[034] Piranha.
[035] Porca.
[036] Babaca.
[037] Boiola.
[038] Vaca.
[039] Vai sentar na mandioca.
[040] Vai dar o oitão.
[041] Canalha.
[042] Salafrário.
[043] Patife.
[044] Ordinário.
[045] Vai catar coquinho.
[046] Vai à puta que o pariu.
[047] Ao diabo que o carregue.
[048] Seu mequetrefe.
[049] Bicha louca.
[050] Cagão.
[051] Seu tapado.
[052] Burro.
[053] Seu chupão.
[054] Vai queimar a rosca.
[055] Vai se danar.
[056] Seu cretino.
[057] Sua prostituta,
[058] Seu broxa.
[059] Vai à casa do caralho.
[060] Seu desgraçado.
[061] Pau no teu cu.
[062] Na tua boca.
[063] Vai comer cocô.
[064] Seu cara-de-cu.
[065] Cabaço.
[066] Galinha.
[067] Gilete.
[068] Seu peripatético.
[069] Sua quenga.
[070] Vai ver se eu tô na esquina.
[071] Vai plantar batata.
[072] Seu sacana.
[073] Seu rabudo.
[074] Tarado.
[075] Vai dar o boréu.
[076] Seu cachorro.
[077] Sua cadela.
[078] Seu proxeneta.
[079] Vai cair de língua no bagre.
[080] No cabeçote.
[081] No fumo-de-rolo.
[082] Seu banana.
[083] Aloprado.
[084] Cafajeste.
[085] Maricona.
[086] Sua lacraia.
[087] Perdida.
[088] Vadia.
[089] Putona velha.
[090] Mulher-de-ninguém.
[091] À-toa.
[092] Perua.
[093] Prejereba.
[094] Vênus-de-rua.
[095] Seu palhaço.
[096] Verme.
[097] Seu pigmeu.
[098] Vai à merda.
[099] E vai à forra.
[100] Que eu já fui.
[101] Fodeu!

hehehe

segunda-feira, 21 de julho de 2008


Segunda-feira. Entro na locadora e claro não há quase nenhum filme para alugar, mas acabo encontrando um quase na hora de desistir de achá-lo. Invasão de domicílio. Não me empolguei pelo título, mas sim pela atriz, Juliete Binoche, sempre uma grande atriz. Também não podia faltar o Jude Law, que vem me perseguindo nos filmes ultimamente, mas ele é um bom ator. Não vou desmembrar a estória aqui pra não perder o clima, mas é simples, surpreendente e bela. Mostra-se como o amor pode ser curado a partir de um erro, ou de erros. Como a falta de alguém causa acontecimentos inesperados. Em um certo momento o personagem do Jude Law vira para a esposa e fala: “Estive atrás de um amor. Por ai.”. Ela o interpela: “E o encontrou?”. Ele: ”Tive medo de perder o grande amor da minha vida. Perdi?”. Não é um filme de amor, mas sobre pontos de vista do amor. Há formas de perdoar e magoar. Há momentos para ser sincero. Passagens da vida em que a sinceridade faz o perdão. O filme é uma arte. Belíssimo. A direção é do competentíssimo Anthony Minghella. Vale a dica!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Álias

Esta saudade instalada no meu peito não me revigora, só aumenta a vontade de ver aqueles olhinhos dos quais anos e anos eu os vi me olhar e tomar conta. Recordo-me de belas e engraçadas histórias e sinto ainda o cheiro de coisas que fazias para mim. Vem encalacrada no meu nariz a memória do bolinho de São João que me ensinaste a fazer quando criança, como se fosse hoje o odor da massa daquele bolinho frito permeia pelo ar do meu consciente. Sinto o gosto do açúcar misturado à canela no meu pensamento. Aguça-me também o paladar do leite com erva-doce queimada com açúcar que me fazia quando estava com gripe e com dor de garganta. Vejo-me assistindo televisão até altas horas da noite e em certo instante sinto-me levado pelos braços de um anjo até a cama. Por outras vejo-me deitado na cama bem arrumada aos pés da sua cama e observo-a rezando, quando podias ajoelhar-te, ou quando sentada mesmo orava a Deus e nas minhas recordações pedia a esse mesmo Deus a benção a todos nós. Causava intrigas entre os filhos que àquela época não me interessavam e hoje muito menos ainda, apesar de que hoje acho engraçado, dava mais movimento e união à vida da família. Ah! Que saudade e que vontade de receber um abraço, sei que todos os abraços que me deu foram sinceros. Que vontade de passar a mão em forma de carinho nos cabelos brancos como a neve que você tinha. E às vezes em que estourávamos pipoca para assistir aos programas do Silvio Santos aos domingos? Outra muitas que me pedia para ir à padaria comprar um doce escondido para se deleitar no que te era proibido? É vozinha, foram oitenta e nove anos que fizeste parte da nossa vida, mas hoje já passa dos noventa o tempo descontínuo que está na nossa memória. Serão incontáveis as vezes que lembrarei daquele último abraço, senti vontade de chorar naquela hora, mas fui forte, achava que não era a última vez. E hoje deixo gravado em simples palavras não apenas para dizer felicidades, onde quer que estejas, mas sim, para, com os olhos marejando as lágrimas que iniciam a sua trajetória no meu rosto, escrever simplesmente, que tens o meu amor e a minhas saudades eternas.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Assisti esses dias um filme que me chamou muito a atenção, My bluberry nights, que no Brasil traduziram, pessimamente, para O último beijo. Enfim, chamou-me muito a atenção para como o filme foi dirigido e a estória muito original. O dono de uma doceria que guarda a chave dos clientes que as perdem e sabe mais ou menos a história de cada um deles. Mas o filme, sobretudo, tem uma delicadeza de imagens e cores muito bonita. Surpriendentemente é a boa atuação, e estréia, da Norah Jones no cinema, e claro, não poderia faltar a sua sempre boa música. Aliás a trilha é ótima, com uma versão muito legal de Try a little tenderness. A minha apaixonante Natalie Portman dá as caras na tela também. Em um certo momento há uma imagem de um sorvete derretendo em cima de um bolo, o que dá a idéia de um beijo. O filme está nos cinemas ainda, mas vale a dica! Ahh, o diretor é o chinês Wong Kar-wai.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Este copo de whisky
afaga-me a saudade
de ter um abraço.
De que cada dia,
é um dia a menos para sentir
Saudade.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Parati

Dá-se uma bucolidade para quem vai à Parati
Brotam-se pedras das ruas
E flores nos tetos das casas
Sente-se um ar diferente no entre caminhos de ruelas
Vê-se o céu de um outro modo
Diz-se de um lugar perdido, único no tempo.
O mundo é uma miragem sentado à beira-mar
Faz de sentimentos aflorados nos bares praças gramados
Parati lhe dá algo inexplicável
Talvez, a tradução do que é poesia
Na alma do ser humano
Deixando o gosto que vale uma vida
Passar os dias em
Parati.

domingo, 29 de junho de 2008

A música tocará de fundo
E lá no céu brilhará lugares incomuns
Aqui, no chão, ao lado, ao tempo
Ao vento, no momento
Crescerá a poesia de cada hora
Cada contemplação, cada idéia procurada
Cada utopia
O verso da hora passada será
A declamação do futuro
Tentar ser uma estrela negra
Em um prateado céu
Vozes por todo espaço
Expansão proposital de sentimento
Ar, tempo e lugar para descanso.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Qualquer premiação deve ser menos que uma emoção dessas. Dois caras geniais, Saramago e Fernando Meirelles! Um dos melhores, e mais emocionantes, livros que eu li, o primeiro do Saramago, dirigido por um dos nossos melhores diretores. Esperemos para assistir!

domingo, 22 de junho de 2008

Pisava nas folhas secas caídas naquele descampado verde do lugar mais distante imaginário da sua vida. Ventava frio, e o sol brilhava, com pouca intensidade para manter aquecido aquele corpo que caminhava. Externava sua felicidade para o nada, mas o ideal era pra ele mesmo. Quanto mais andava mais parecia que estava à volta de um círculo, saia do nada para entrar no outro lado do nada. Não havia nada ao seu redor, este silencioso e austero. Impunha sobre ele o não limite da vida. Sons de guitarras iniciaram a distorção do silêncio daquele momento. Construía, deste modo, uma melodia. Continuava passando, pisando e despedaçando as secas folhas. Cansado, parou. Deitou na grama e com algumas folhas fez uma pequena elevação para descansar a cabeça. Deparou-se com o céu. E assim ficou até tudo escurecer e o horizonte se abrir em luz.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

É o meu ponto de partida
É o meu pôr-do-sol
É o meu porto seguro
É o meu ponto de estada
É o meu ponto de sossego
É o meu ponto de aceleração
É o ponto alcance
É o meu ápice de paixão
É o meu caminhar
É o meu passo
É a iluminação que clareia a minha estrada
É a morada do meu amor
É o pulsar do meu sentimento
É a vitória-régia da minha paisagem
É o ponto de areia onde estou
É o ponto à beira-mar onde contemplo
É o horizonte do meu futuro
É o ponto que desejo
É, novamente, a morada do meu amor
É o sorriso da minha gargalhada
É a risada da minha inocência
É a esperança nunca adormecida
É o meu verso na minha poesia
É o silenciar da minha prosa
É o fazer-me completo
É o meu ponto de chegada.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

“Qualquer coisa que se sinta, tem tantos sentimentos deve ter algum que sirva” - Arnaldo Antunes e Alice Ruiz

Qualquer, qualquer coisa, coisa que faça passar o tempo, ponto de fuga, ponto de começo, ponto do início. Qualquer sorriso, qualquer entrada, qualquer lugar que me faça entrar, qualquer coisa, coisa que me faça horizonte, qualquer. Qualquer coisa que me apresente, represente, presenteie, dê-me como presente, sentimento, vida, gostar. Lapso qualquer, qualquer curva, qualquer coisa, coisa sem reta, qualquer anormalidade, coisa não fútil. Qualquer som, voz, qualquer música. Qualquer coisa não fixa. Coisa de olhar e apreciar, qualquer tempo, qualquer final de ponto. Ou, coisa qualquer sem final. Qualquer batimento, sortimento e acabamento. Qualquer fotografia, qualquer saudade. Qualquer buraco, qualquer. Qualquer dia, noite. Qualquer noite, qualquer praia, qualquer lua. Qualquer cheiro, qualquer gosto. Qualquer imagem, foto, qualquer coisa preta e branca. Qualquer coisa de alguém. Qualquer fala, qualquer. Poesia qualquer, verso qualquer que verse coisa.
Qualquer coisa de mim, coisa que me faça eu.

sábado, 7 de junho de 2008




As músicas que tocavam há um ano atrás
Pouco tocam agora neste
À memória se dá o desfrute de lembrar
Os passos, os pássaros, os arredores azuis do mar
A imensidão, a imponência dele
As pessoas de um ano atrás
Continuam na amizade e no coração
As mesmas árvores, o mesmo verde, o mesmo caminhar
Já não se encontram presentes
Mas na saudade, nela bate
Bate o som das vozes daquela noite cheia de estrelas
Que no céu de um início de junho
Batia uma brisa leve, ao mesmo tempo que quente
Aquele boteco, onde o chopp era gelado
E os vários chopps refletiam olhares suspensos
Elevados por sangues diferentes
As músicas que tocaram há um ano atrás
Poucos entenderiam
Mas como um coração pulsando no meio de uma multidão
Fluía as vozes em uníssono
Fazendo sentimentos aflorarem tempos idos
De sambas e sambas
De mais cervejas em cervejas
O tempo passa e a memória continua a mesma
A festa é outra, a transitividade mais além
O gosto doce e amargo de um ano atrás
Continua impresso pra sempre
Nas músicas que há um ano pararam de tocar
E silenciaram na orquestra da nossa memória
E só lá elas se encontram, vivas.
"Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver..."
Pati e Allas esse é pra gente!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Abraçava-se ao vento e ao tempo, desinteressava-se o redor do seu lugar, girava como um gavião observa tudo o que estava a sua volta, não sentia o ar batendo no seu rosto, só pairava e fazia o redemoinho da sua vida acontecer, preferia ter na esperança deixada a poucos momentos que eles voltassem, sejam bons ou ruins. Não queria falar em saudade, nem dor. Cantava só o gostar. Cantava só o momento. Silenciava-se a todo o instante que aquele mesmo tempo parava. Aquietava-se com ele. Mas, novamente, levantava vôo e fazia um novo vendaval, passava por tudo lentamente, mas tinha em mente não ter saudade, vivenciava-se daquilo. Dançava, cantava, e dos olhos suplicantes para o convite bailava a dois, no mesmo giro, onde aquele momento, aquele mesmo do vendaval, do qual o seu redor não tinha importância, far-se-ia tempo presente, o qual futuramente desejaria sentir saudade.


Ela é foda! Pra quem não conhece, ouçam: Amy Winehouse!!

domingo, 1 de junho de 2008

"Mas importava quando? Se o passado era esse mar polido, regular e sem limites visíveis, e Sofía seu único rosto, tanto que bastava invocar seu nome para invocá-lo inteiro, que podia importar os fatos, as datas? E nesse sentido era de "fora", Sofía? Um elemento de fora? Estava incluída? Por que, então, à medida que se aproximava dele, tudo o que havia ao seu redor, o fundo e os acessórios que a situavam e davam-lhe realidade, por que de repente tudo tremia como um reflexo na água e dissolviam-se, e a única coisa que continuava visível era ela, intacta e sozinha no meio do vazio?" - A sempre volta de Sofía, em O Passado - Alan Pauls

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ela é meu pé, meu caminho
Minha distância, minha diferença
Meu exagero, meu templo
Sou seu mártir
Sou capaz de criar o tempo para fazê-la presente
Ela é meu querer, meu desejo, meu despejo
Minha orientação, minha forma de falar
Minha porta aberta, minha casa
Ela é meu colo, meu aconchego, meu carinho
Minha amiga, amante, meu amor
Ela é ilusória, é torta
Ela é meu gosto, meu gesto, meu sempre
Minha paz, meu sonho, minha idealização
Meu abraço predileto
É aquela que me deixa mudo
Com vontade de tudo falar
É meu rio, meu afluente, meu mar
É onde eu oceano
Onde eu só sei amar
É minha lembrança, minha saudade
É minha música, minha poesia, meus versos
Meu ar, meu céu azul.

“Você é meu caminho,
meu vinho, meu vício
desde o início estava você
meu bálsamo benigno...”

domingo, 25 de maio de 2008


Para Zélia e Jorge


E das palavras
Fizeram-se em amor
O olhar da distância
E a ternura do seguir

Da docilidade da comunhão
Fizeram-se em gestos
A companhia de sempre

Da fidelidade e da força
Da persistência e da amizade
Fizeram-se em tempos distintos
A união futura

Das letras e palavras
Revoltas e anarquias
Da pluralidade de sentimentos
Moveram-se em constante harmonia

E no Rio Vermelho
ao pé de uma mangueira
Deram-se as mãos
E no pó, fizeram-se em amor eterno.

domingo, 18 de maio de 2008

Na evolução dos passos daquela morena a atenção toda se voltava para ela. Era impossível tirar os olhos da nuvem esvoaçante que caminhava junto em direção a um lugar sempre indefinido. O sorriso era constante e o olhar com certa docilidade passava para os olhos com uma pitada de sedução. Ao longe era possível ver toda a atenção despertada ao redor. Não era uma Deusa de Ébano, muito menos uma Vênus de Botticelli. Mas era uma morena, com traços fortes e que Jorge Amado seria feliz em colocá-la em uma cidadezinha da Bahia para flertar com a população inteira. Não, não era despudorada como Gabriela, mas os olhares ao seu redor faziam-na sentir ainda mais agradável. Seus lábios provavelmente deixavam-na à tona como se um incidente ocorresse, como num tufão o agraciado entrasse com ela nas suas nuvens esvoaçantes. A morena sumia e aparecia. Sua pela branca e alva a deixava na imaginação. Flutuava sobre sua roupa. E desaparecia.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Eu queria sentir o seu cheiro
No dia do meu dia
Eu queria ver o seu sorriso
Na noite deste dia
Eu queria me perder
Na felicidade
Do dia onde estaria preso
Todo o desassossego
Do seu olhar
Azul.



"Sou do sereno, poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno e você sabe por quê
Mas você não sabe que enquanto você faz pano
faço junto do piano esses versos pra você" - Noel Rosa


sexta-feira, 9 de maio de 2008

No passar dos meus vindouros anos, daqueles os quais poderei olhar pra trás e desterrar as artes e partes da minha memória, desdenharei coisas pequenas: amores e rirei dos desamores, não, os desamores serão apenas paixões passageiras; vou particularizar as coisas boas, as simples, aquelas as quais me deixaram emocionados e com a felicidade que provavelmente me arrebatou; vou guardar e sonhar com os beijos sinceros, os não sinceros também, pois com eles nos divertimos também; vou tecer sorrisos nos meus neurônios para torná-los mais alegres; lembrarei das gargalhadas dos amigos; da felicidade espontânea dos que me disseram, “te amo”; sim, vou costurar tudo isso na minha mão; coisas pequenas; coisas que me importam; vou lembrar das músicas que transportaram minha alma ao infinito, as que me fizeram sambar, pular, cantar com a garganta à solta, chorar, dar risada; vou bordando isso, como se borda um tecido, mas farei deste pano o meu coração; lembrarei de todos, mas só dos bons, momentos, não me importam os tristes momentos. É, no passar dos meus anos que virão começarei a guardar essas coisas pequenas, assim lá na frente poderei olhar o passado e olhar para a minha mão, nela estará todas essas coisinhas, simples, mas que me fizeram entender o que significa a palavra sentimento.

domingo, 4 de maio de 2008

Naquela noite fazia muito frio. A música se elevou e o grito pulsante, mas silencioso que saia da boca de cada um se exaltou. Não era o lugar onde corações estariam desolados. Sabia-se que ali, bem ali naquele ponto o mundo abrir-se-ia. De compaixões e descasos cada ser unia a força e a forma para construir o seu mundinho. Uns com o peito apertado querendo sumir daquele lugar outros com a mente aberta, mas querendo se enterrar ainda mais naquela disfunção presa àquele lugar. Salvava-se a música. Ela não tinha olhos nem coração, mas agradava e agraciava a todos. Fazia os sonhos serem mais sonhos, fazia o tempo parar por todos os instantes e passava a fazer tempos passados em atemporais. Fazia com que o vento gelado parecesse uma orquestra de violinos passando pelos ouvidos desatentos daqueles que estavam viajando pelo sonho, inconstante sempre. Pintava-se de formas e cores esse sonho, esses se sentiam perdidos, mas perto uns dos outros. Não precisavam entender o que acontecia. Não queria imaginar a vida de outra maneira só em outro lugar. Neste outro lugar o frio continuava, as pessoas eram outras, algumas em harmonia com as outras, mas o frio continuava. E os que tinham o peito fechado de um lugar para querer estar e entrar, sonhando, em outro tinham uma certeza, buscavam a felicidade próprio. Os que tinham o peito aberto, esses....



"But I’ve still got me to be your open door,
I’ve still got me to be your sandy shore,
I’ve still got me to cross your bridge in this storm,
And I’ve still got me to keep me warm"
- Damien Rice - Grey Room

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quero trançar minha alegria no seu sorriso
Quero olhar no céu e lembrar
Todo o dia da pureza do seu olhar

Quero sentir seu cheiro sempre
E pensar o quão perto você está
Seu riso me faz bem
Seu azul transborda-me

Sua voz silencia-me
Sua palavra me alucina

Quero em mãos
Ter a tez da sua brancura

Quero no meu circo, a sua palhaçada.
E no picadeiro, pulsante, do meu coração:
A sua magia

Às vezes, quero, apenas:
sorrir.

domingo, 27 de abril de 2008

Quem dera se pudessemos entender às vezes os que nos rodeiam. Seria o mar, a melhor escolha para viver e entender nós mesmos. Quem dera eu pudesse entrar no mar sempre, quiçá todos os dias, aí sim, poderia sentir que sal é apenas uma característica desse mistério.

Quem dera eu não fechar os olhos e entender as palavras.

Quem dera fizesse silêncio e os olhos abrissem.

quinta-feira, 24 de abril de 2008


A felicidade é espontânea
Não bate à porta
Entra e demora
Sai e não espera
Tento agarrá-la
Mas sinto-me como um chopp
Num dia quente
Bebo-o
Desce
Sou feliz depois de alguns muitos
Mas para o acaso,
Felicidade tem o seu fim...

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Abra os seus olhos para os meus
Não deixe o amanhecer chegar
Não espere eu fechar meus olhos para dormir
Não deixe o sol clarear
O escondido significado que bate em meu peito
Vazio
Mas cheio aos olhares dos seus olhos aos meus
Não deixe chegar a hora de dizer tchau
Esquive-se da fuga e sinta que dentro das atitudes
Há razão para entender os sentimentos
Deixe escrever com meus olhos
A pureza, a inocência, o teor do que há em sentir.

Não,
Não deixe o amanhã chegar
Faça da noite a felicidade juntdo à lua.
Apenas repare os meus olhos
Nos seus.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

“Happiness only real when shared”

Em que ponto de nossas vidas podemos definir em que lugar, como, quando devemos ser feliz. Esses dias assisti a um filme recém lançado no cinema, Into the wild, para a quase sempre péssima tradução para o português, ficou Na Natureza Selvagem, este filme primeiramente, sem saber da história me chamou atenção por duas coisas, a primeira foi dirigido pelo Sean Penn, um dos melhores atores atualmente, e depois a trilha sonora do filme foi feita pelo Eddie Vedder, o vocalista de uma das minhas bandas preferidas, senão a preferida ao lado do Radiohead. Bem, fiquei em estado absorto com a história do filme, que é baseado em fatos reais. Em resumo, um jovem americano acaba-se de se formar na faculdade, tem todo o apoio da família, financeiramente principalmente, ganha de presente um carro pela conquista, mas algo está intervindo no seu modo de pensar e viver. Interiormente ele vive conflitos que o fazem pensar a maneira de se viver, o quão hipócrita sua família foi, o tamanho do espaço de tempo em que seus pais imaginaram uma felicidade que não existia. O lixo que o capitalismo causa na vida de cada um, tornando muita das vezes as pessoas arrogantes. À partir dessas questões ele resolve sumir de casa, sem deixar rastro nenhum, tem a intenção de chegar ao Alaska. Vai de carona em carona, passa por momentos incríveis, memoráveis. Conhece pessoas e aprende outros pontos do viver. Deixa emoção e cria emoção em suas próprias vidas. Todo mundo, se não pensou, uma hora vai pensar em fugir da cotidianidade e frivolidade do mundo, a rotina de cada um. O filme tem momentos de grande amargura, mas outros sublimes que nos fazem rir, simplicidades que nos fazem chorar. Vale a dica pra quem quer saber o que é ser feliz e fazer as outras pessoas felizes, até mesmo quando o fim da vida aparentemente não seja triste, mas pode-se dizer que viveu, e que foi feliz.

Tomei nota de alguns momentos do filme, que do silêncio me fizeram pensar e sorrir.

“Algumas pessoas se sentem como se não merecessem o amor. Elas desistem e se escondem, tentando cobrir os vazios do passado...”

“A única dádiva do mar são seus sopros severos e ocasionalmente a chance se de sentir forte. Eu não sei muito sobre o mar, mas eu sei que o caminho é por aqui. E também sei o quanto é importante na vida, não necessariamente ser forte, mas se sentir forte, se avaliar uma vez na vida, se encontrar pelo menos uma vez na mais antiga condição humana, encarar a cegueira, ficando surdo, com nada para te ajudar além de suas mãos e sua cabeça.”

“A felicidade só é verdadeira quando partilhada.”

domingo, 6 de abril de 2008

"... Vera, cujo ciúme, por mais pertubador que fosse, só fazia corroborar um dos poucos princípios que Rímini reconhecia em sua vida sentimental: não é de morte natural que morre um amor genuíno, mas banhado em sangue, sob os golpes que lhe assenta outro, não necessariamente genuíno - porque ali as leis do amor, cegas aos títulos de nobreza, não têm nenhuma miserricórida -, mas sim oportuno e, sobretudo, impelido por essa crueldade entusiasta que anima todas as emoções jovens." - O Passado - Alan Pauls
Estou lendo esse livro e em estado de êxtase deixo aqui esse trecho, quando terminar volto a comentá-lo.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Era perceptível o cheiro que ela deixou nas roupas e nos braços. Depois daqueles abraços, onde aços seriam pouco para medir as forças que haviam no quase sem espaço entre eles. Podia sentir e pegar o perfume como se colhesse as frutas de uma árvore ou as flores de um campo. Não queria exprimir o arrependimento de despedida. O que acontece ou aconteceu, bastou-se. Havia um batuque no peito no findar-se do olhar. Os dois estranhavam-se a cada passo que davam para trás. Relembraram os passos avante que anos atrás os fizeram cruzar estes mesmos olhares. Não queriam entender, mas buscavam um desacordo com o que estava por fim. Havia expressão, demasiadamente, de arrependimento. Esquecimento. Por um triz ele queria a vida dela novamente. Queria acordar ao seu lado todos os dias e passar a mão nos seus cabelos e com um beijo dar-lhe apenas: “bom dia”. Fazer do esquecimento o presente para não reparar nas desestabilidades o dia faria em fervor, distanciando-se da sua memória aqueles cabelos e aquele cheiro. Não queria apenas o olhar dela, queria o seu silêncio contemplativo.Mas desejava, também o entrelaçamento de suas pernas no momento em que a noção de hora os fazia esquecer desse mundo, rompiam com este. Faziam-se de amores, amantes. Abundava-se a maneira de fazê-la feliz. Fim era inexistente. Mas ela sempre lhe dizia que o sempre pode acabar num triz, como pode começar. Começou e após longo tempo findou-se. Ela quis se libertar. Não queria os mesmo beijos todos os dias e nem observá-lo a contemplá-la. Sentia-se como se um sinfonia iniciasse uma nova etapa no que se chamava vida. Ele por sua vez, afogou-se em mágoas. Lágrimas rolavam na triste expressão do seu rosto. Queria viver, mas a angústia o impedia. E como por um novo triz, noutro dia, sentado no bar da esquina de seu novo apartamento, lá estava um sorriso. Um novo olhar que se limitava a passar somente na direção dos dele. Pedia-se aquele momento uma paralisação e não impunha nenhuma resposta negativa ao seu coração. Tomou coragem, rompia-se novamente com o mundo, e apenas uma direção o fazia seguir. Das lágrimas tristes do outro dia, havia agora gotas de felicidade caindo sob seus olhos. Percebeu o mesmo cheiro, e mesma maciez nos cabelos e os mesmo olhos contemplativos e observadores de sempre. A volta nunca é um caminho distante e o início pode nunca ser tão novo como parece.

terça-feira, 25 de março de 2008




Mar, mar, vasto é o mar
E imenso é o ar sobre o andar das ondas do mar
Se eu não soubesse o que é amar
Voaria pairando o mar
Para impor a forma de amar
Ao meu coração ignorado na imensidão do amar

Vasto é o mar
De quem ama o mar, o ar
Vasto é o mar
De quem a amar tenta afugentar
A solidão de quem não sabe amar

Vasto, vasto
Só pra quem sabe amar.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Barulhos estranhos assolavam a minha cabeça, de vez em quando aquela música retomava a minha memória e eu voltava á realidade ou ao sonho. Não tinha porque ficar ouvindo, vendo, sentindo, adorando cada segundo daquela lembrança. Era melhor me posicionar no mundo em que estava e perceber que além do que se vê, ouve ou sente há um outro mundo. Não menos feliz o quanto fui em outros momentos. Mas pesado e distinto naquele incerto momento. Palavras tentavam sair da minha boca, mas parecia que estava preso em uma bolha d´água. Querendo ou não minha memória piscava, pulsava. Era o momento de olhar a lua e observar o quão negro e estrelado o céu estava ao seu redor. O momento e o barulho estranho passavam, mas a memória não.

terça-feira, 11 de março de 2008

Quantos anos tenho!?
Ao findar dos meus poucos anos poucos
Finalizo-me para os novos muitos novos que virão
Que erros passados
Tornem-se concordâncias futuras
Amores existidos, amores flutuantemente futuros.

Ao começo dos meus novos anos
Transforme-se ser em humano
(ou mais humano)
Deixe que atos ainda resquícios
Perdurem apenas na lembrança do coração

Aos olhos nus da vida
Encontre no horizonte de viver
Apenas o que se pode enxergar da felicidade

E que sorrindo
Leve comigo
Tudo aquilo que o bem me traz.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Na minha terra brilha o sol e as sombras dos pássaros dançam no chão que piso. Na minha terra o nariz do gigante é visto ao longe como se tomasse conta de todo o povo. Na minha terra o calor brota do solo. Morros e raças misturam-se. Não cantam sabiás e poucas palmeiras existem. Na terra onde nasci, as pessoas se conhecem quase todas. Às vezes a angústia persiste nos ares da terra onde nasci. Os lugares onde se percorre são íntimos de cada um. Os sorrisos estampados não são por causa de bênçãos, mas por felicidade. Na terra em que me acolheu, passa o começo da minha vida e nela fica um pouco da minha história. Na terra em que nasci poucos amores vivi. Mas nas vizinhanças dessa terra outros amores revivi. Haverá na memória muitos momentos iluminados para serem recordados a todo instante, pois na terra em que o sol brilha e a dança dos pássaros no solo recebe o meu caminhar, sinto-me feliz.

Para a minha amada Cachoeira.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008




Desejo um dia prosaico
Treminá-lo em uma noite poética
Que ao negrume do céu noturno
não me restem apenas as estrelas
nem a soturnidade
mas, sim, a imensidão

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008





Silenciou num instante. Pôde admirar o silêncio que saia do seu pensamento. E assim, distanciou-se do mundo.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Um samba só
Um canto só
Uma palavra só
Um silêncio a dois
Um olhar aos olhos
Dois silêncios ao som
Ao samba
Um gole à cerveja
Um samba pra sambar
Uma roda
Um olhar
Dois olhares
Uma palavra
Cantada
Um suspiro
Uma volta envolta ao redor
Palmas ao estupor do samba
Um samba, novamente
Um mesmo olhar
Dois corpos grudados
E tudo ao redor deserto

E Silencioso...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008



O começo do fim, ou o final do ponto de um texto, uma passagem. Esse post vou dedicar a um esportista que me chamou a atenção a alguns anos atrás. Hoje o meu gosto, e principalmente nos dias de hoje, um dos únicos esportes o qual gosto de praticar é o tênis. E todo esse gosto devo a duas pessoas, ao Gustavo Kuerten e ao meu avô. Ao primeiro o prestígio que me fez ter pelo esporte e ao segundo por começar a me ensinar e jogar algumas vezes comigo. O Guga anunciou que esse ano para de jogar, não porque quer, mas porque não consegue mais. E esse é um cara que se pode chamar de Cara. Um carisma e uma genialidade ao jogar de impressionar. O rei do saibro, nos seus áreos tempos, vários títulos e 3 incríveis Grand Slam de Roland Garros. Lembro-me principalmente do último, um jogo emocionante contra o espanhol Corretja. De jogadas de tirar o fôlego e de uma esquerda inprescindível. Guga fez a cabeça de muita gente, chamou pra dentro da quadra muita gente, fez o brasileiro se apaixonar por um esporte que até então era bem pouco aclamado por aqui. Ao Guga só deixo um agradecimento de um fã. E que as lágrimas do começo do seu fim nas quadras são apenas marcas de felicidade juntas às alegrias de todos os seus fãs. Valeu Guga e valeu Larri (o grande treinador cara por trás).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O “laiá” que se ouvia naquela cidade tornava-a felizmente mágica. Sentia-se o alarido de vozes e pessoas cantando e entoando músicas do interior de um Brasil, em uma festa aonde todos são recíprocos. Bucólica e afastada davam a idéia de que para uma outra dimensão era transportada. À realidade voltava-se a cada momento de confetes e serpentinas pairavam no ar até o momento curto de caírem-se ao chão. Era notório o sorriso estampado no rosto de cada pessoa, de cada criança. Surtia efeito todo o colorido que enfeitava a cidade. Flores e mais flores gritavam aos olhos de toda a massa que passeava por entre as ruas e vielas, algumas de pedras, mas que continham história. A Luz às vezes fraca juntava-se aos corpos flamejantes de pessoas querendo se apaixonar, apenas no carnaval. Bocas estridentes juntavam-se inadequadamente e outras com uma adequação certeira. Quenturas inflamavam pelas paredes da igreja daquela cidade. Carnal era o desejo das pessoas serem felizes. Aí vinha a chuva, para refrescar e esfriar um pouco a consciência daqueles que já estavam satisfeitos com tantas cantorias. Amanhecia o dia e parecia que as memórias do dia anterior eram jogadas no lixo, mas não, essas lembranças são eternas, mesmo que para lembra-las haveria de esperar por acabar toda a festa. Risos e sorrisos eram constantes, não haveria pudor nem despudor de perde-los. O contágio que a música fazia aos ouvidos mais distantes mexia com algo no corpo. E lá naquela cidade deixa-se a saudade do tempo interior para pensar e trazer prazer para o tempo posterior. Os olhos das pessoas encontravam-se e alargavam os lábios. As crianças tornavam a dança mais mágica e simples, faziam-nos levar a sério que a vida era apenas uma brincadeira, de criança, nesses poucos, mas cansativos, dias. Enfim, deixa-se a alegria, para transformar a vida em apenas vida. Sim, porque lá no meio da serra a cidade continua guardada, escondida para que a descubram apenas em uma outra oportunidade.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

o canto dos pássaros
faz-me ter
a recordação de uma tarde
na grama baixa
sentado
vejo a mata verde
e o azul claro
iluminando
emanava encanto em meio às árvores
e eu sentado
o gorjear da passarada.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Maria

E agora, Maria?
A roupa suja.
A roupa lavada.
A roupa passada.

E agora, Maria?
A comida crua.
A comida cozida.
A comida “quentada”

E agora, Maria?
O filho pequeno.
O filho grande.
O filho homem.

E agora, Maria?
O marido no trabalho
O marido em casa.
O marido na cama.

“e tudo acabou,
e tudo fugiu...”
E agora, Maria?

Você nesta cama.
Deitada.
(com este inconveniente)
Fazendo massagem nos pés dele.
E agora, Maria?

Que desilusão.
Que solidão.
Que sofreguidão.

...
E agora, Maria?
Fiz esse poema pensando em um poema do Drummond anos atrás em uma das primeiras vezes que o li.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008




Quero a lividez dos seus pés
Nas minhas mãos
Incasáveis de massageá-los

E o cansanço do meu dia
Repousado no seu colo

E a tristeza da estafa
Aconchegada nos leves dedos seus
Em meus cabelos.

A persepção da sua respiração
No cálido silêncio do meu ouvido

Apenas o carinho.


Para a desconhecida do sonho.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008




Na esquina. A luz vermelha se acendeu. Só ouve o tempo de os olhares se cruzarem, ele tentou dizer alguma coisa para ela, mas era tarde demais. A expressão de felicidade que os olhos dela soltaram e o sorriso que teve ao encontrar os dele foram instantâneo. Não entendeu porque a boca dele mexeu-se. Só sentiu uma pancada profunda e dolorida. Mas ouve o tempo de suspirar uma última vez. Ele correu em direção já desesperado para abraça-la. Ao chegar perto de seu corpo, pode ver que mesmo com a batida e o possível susto que levou o sorriso continuava o mesmo. Uma lágrima caiu no rosto rosado e futuramente branco. Não surtia nenhuma palavra ou frase de seus lábios. Entendeu que a vida se desfez naquele momento. Que duas vidas se desfizeram. Avisou os familiares. Não teve coragem de ri ao enterro. Só teve animo de ir à lagoa que ficava perto de sua casa. Bem nos fundos, aonde da varanda toda de vidro podia-se ver o sol se por todos os dias. Com o mesmo sorriso que se perdeu em suas mãos naquela tarde anterior, nesta manhã, entrou nas águas quentes, de sol escaldante. Pensou em se refrescar. Mas não. Não pensou novamente, entrou e não voltou. Queria encontrá-la em um céu azul. Aonde a luz verde permitiria viverem juntos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Como na saudade. Ele tinha em seu peito todas as desavenças com o mundo e lembranças também. Todo o chão se abriu a hora que ele pisou para ver o dia. Saiu do seu cubículo e viu que lá fora não havia escuridão. Tinha-se esquecido de como era a luz do sol e de como era a cor do céu. Não sabia verificar mais se o amor tinha a cor vermelha. Não sabia mais observar as pessoas como meros figurantes na sua passagem pela vida. Não. Tinha que aparecer algo em seu mundo. Um horizonte distante talvez para buscar. Devia caminhar e ver que todas as faces da vida lá fora, tinham vários estereótipos. Sorrir. Preocupação. Medo. Sono. Vigilância. Afobação. Estresse. Dúvida. Adivinhação. Romance. Paixão. Tristeza. Vida. Tinha em cada rosto de cada pessoa que passava ao seu lado um misto de cada uma dessas exteriorizações. Calou-se ao ver uma criança vendendo um doce, uma bala no semáforo. Como pode um ser que ainda não sabe o que é viver, já estar com um peso nas costas daqueles que tem que aprender a viver. A disritmia do tempo faz com que todos não enxerguem que o mundo está virando ao contrário. Será possível que poucas pessoas perceberem isso? Queria ele poder ajudar toda a criança que estava ali, à sua frente. Tinha a certeza de que se todos os adultos fossem palhaços de circo, o trabalho daquelas crianças seriam mais dignos. Talvez elas fizessem o que estavam fazendo pra simplesmente fazê-las rirem. Pretendia ter saído de seu quarto para pelo menos ver como viviam os seres que não via a tempo. Não sabia se importar com o que acontecia lá fora quando estava lá dentro. Pela sua caminhada para aquelas horas à qual não fazia a tempo, ficou desanimado. Perdido com o que via a cada passo. A cada hora via que nas vielas de seu bairro as pessoas ignoravam umas as outras. Teria como fazer algo por elas? Sabia que todo o sol, todo o céu azul que havia lá fora, era despercebido por todos. Todos não estavam preocupados com coisas “miúdas” ao redor. Tinha simplesmente a inibição de fazer com que ninguém o percebesse. Ele, sim, estava ali para perceber. Cansou. Voltou ao se cubículo. Tinha que sozinho fazer a festa com ele mesmo. Aguou a planta ao lado da sua cama. E percebeu. Vivia. Só.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Início, novo, tudo novo. Tudo novo de novo. Cabeça nova, pensamento novo, mudança. Mentalidade prolixa ao passado. Rumo a um tempo e templo, mesmo que pessoal, novo. Tudo corrente para o além. Além mar, além ar, além vivo e vital. Tudo parente ao perante de se estar novo. Tudo voando com o passar do tempo e do ano. Tudo que ficou pra trás, ficou. Tudo ao futuro. Tudo à vontade de se fazer o futuro. Novo. Com mudas, com mudanças.