terça-feira, 22 de junho de 2010

Para Mago


Os olhos magros e cegos

Brancos e ternos;

Os olhos de Blimunda: hipnotizadores;

Os olhos de todos;

os olhos da mágica do mago.

Nas andanças pelas ruas de Lisboa:

De mentes dadas vão Ricardo e Fernando.

A caveira, o fim, o essencial, o que resta do ser humano:

no escuro de uma caverna.

A ilha de um paraíso desconhecido,

ou a ilha navegante pelo ar-mar.

As gotas de sangue pingadas na tigela,

sem o olhar do Dono, já fraco e estarrecido,

feito um humano qualquer pregado à cruz.

Os olhos meus, a atenção de todos,

duplicada como se os outros também nós o fossem.

Todos os nomes, todos! Perdidos, achados, organizados.

A dês-culpa de Caim.

Tudo isso: do Pilar de sua vida

para pular à outra vida (ou não)

e assim,por fim, talvez: entender as intermitências de uma morte que o veio buscar,

para levá-lo em pó pra onde tudo começou, Azinhaga.

“No dia seguinte ninguém morreu”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A minha voz rouca, sentada, pedindo sua ajuda. A minha voz em busca do meu canto em algum canto seu. A minha voz suja, lavrada pela visceral hostilidade sua. A minha boca pronunciada pela sua voz, voz minha. A oca voz que sai pelas minhas gargantas, pelos meus poros, pelo meu ouvido, pelo seu chamado. Qualquer som da minha boca pronunciando seu nome, que não faça bem, não faça mal, não faça. Faça. A minha boca pronunciada pela sua. A minha rouca voz, limpa, úmida, atrapalhada como as palavras que tento escrever, sem nexo, desconexo com a voz translúcida da minha espera pela sua saída. Chegada. Início de tudo novamente. Culpa da sua nova chegada? Abrigo da minha voz, da sua voz, da nossa e sempre verdadeira voz. Culpa? Só da minha voz, da minha boca, da minha unidade em prol da sua satisfação. Tristeza? Só da lonjura da sua boca da minha. Meu pranto pelo meio das nossas bocas. Meu pranto entre a sua hostil felicidade. Um tanto, um tempo, um tento, para mim e para você na solidão não desperdiçar a nossa paz. Tristeza e culpa? Da minha parte, nunca mais.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ubuntu

É por descontente felicidade que haverá união,

É por um grito, seja de dor; de ausência; de alegria;

de democracia; de desunião; de união; de alvoroço;

de maneira desconexa; de povos; de raça:

seja por apenas um grito de alegria

que haverá união.

Não que seja apenas em dias contados

para apenas uma felicidade,

Essa é a essência,

não só apenas para o significado do viver,

mas para o essencial de uma amizade.