quarta-feira, 28 de maio de 2008

Ela é meu pé, meu caminho
Minha distância, minha diferença
Meu exagero, meu templo
Sou seu mártir
Sou capaz de criar o tempo para fazê-la presente
Ela é meu querer, meu desejo, meu despejo
Minha orientação, minha forma de falar
Minha porta aberta, minha casa
Ela é meu colo, meu aconchego, meu carinho
Minha amiga, amante, meu amor
Ela é ilusória, é torta
Ela é meu gosto, meu gesto, meu sempre
Minha paz, meu sonho, minha idealização
Meu abraço predileto
É aquela que me deixa mudo
Com vontade de tudo falar
É meu rio, meu afluente, meu mar
É onde eu oceano
Onde eu só sei amar
É minha lembrança, minha saudade
É minha música, minha poesia, meus versos
Meu ar, meu céu azul.

“Você é meu caminho,
meu vinho, meu vício
desde o início estava você
meu bálsamo benigno...”

domingo, 25 de maio de 2008


Para Zélia e Jorge


E das palavras
Fizeram-se em amor
O olhar da distância
E a ternura do seguir

Da docilidade da comunhão
Fizeram-se em gestos
A companhia de sempre

Da fidelidade e da força
Da persistência e da amizade
Fizeram-se em tempos distintos
A união futura

Das letras e palavras
Revoltas e anarquias
Da pluralidade de sentimentos
Moveram-se em constante harmonia

E no Rio Vermelho
ao pé de uma mangueira
Deram-se as mãos
E no pó, fizeram-se em amor eterno.

domingo, 18 de maio de 2008

Na evolução dos passos daquela morena a atenção toda se voltava para ela. Era impossível tirar os olhos da nuvem esvoaçante que caminhava junto em direção a um lugar sempre indefinido. O sorriso era constante e o olhar com certa docilidade passava para os olhos com uma pitada de sedução. Ao longe era possível ver toda a atenção despertada ao redor. Não era uma Deusa de Ébano, muito menos uma Vênus de Botticelli. Mas era uma morena, com traços fortes e que Jorge Amado seria feliz em colocá-la em uma cidadezinha da Bahia para flertar com a população inteira. Não, não era despudorada como Gabriela, mas os olhares ao seu redor faziam-na sentir ainda mais agradável. Seus lábios provavelmente deixavam-na à tona como se um incidente ocorresse, como num tufão o agraciado entrasse com ela nas suas nuvens esvoaçantes. A morena sumia e aparecia. Sua pela branca e alva a deixava na imaginação. Flutuava sobre sua roupa. E desaparecia.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Eu queria sentir o seu cheiro
No dia do meu dia
Eu queria ver o seu sorriso
Na noite deste dia
Eu queria me perder
Na felicidade
Do dia onde estaria preso
Todo o desassossego
Do seu olhar
Azul.



"Sou do sereno, poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno e você sabe por quê
Mas você não sabe que enquanto você faz pano
faço junto do piano esses versos pra você" - Noel Rosa


sexta-feira, 9 de maio de 2008

No passar dos meus vindouros anos, daqueles os quais poderei olhar pra trás e desterrar as artes e partes da minha memória, desdenharei coisas pequenas: amores e rirei dos desamores, não, os desamores serão apenas paixões passageiras; vou particularizar as coisas boas, as simples, aquelas as quais me deixaram emocionados e com a felicidade que provavelmente me arrebatou; vou guardar e sonhar com os beijos sinceros, os não sinceros também, pois com eles nos divertimos também; vou tecer sorrisos nos meus neurônios para torná-los mais alegres; lembrarei das gargalhadas dos amigos; da felicidade espontânea dos que me disseram, “te amo”; sim, vou costurar tudo isso na minha mão; coisas pequenas; coisas que me importam; vou lembrar das músicas que transportaram minha alma ao infinito, as que me fizeram sambar, pular, cantar com a garganta à solta, chorar, dar risada; vou bordando isso, como se borda um tecido, mas farei deste pano o meu coração; lembrarei de todos, mas só dos bons, momentos, não me importam os tristes momentos. É, no passar dos meus anos que virão começarei a guardar essas coisas pequenas, assim lá na frente poderei olhar o passado e olhar para a minha mão, nela estará todas essas coisinhas, simples, mas que me fizeram entender o que significa a palavra sentimento.

domingo, 4 de maio de 2008

Naquela noite fazia muito frio. A música se elevou e o grito pulsante, mas silencioso que saia da boca de cada um se exaltou. Não era o lugar onde corações estariam desolados. Sabia-se que ali, bem ali naquele ponto o mundo abrir-se-ia. De compaixões e descasos cada ser unia a força e a forma para construir o seu mundinho. Uns com o peito apertado querendo sumir daquele lugar outros com a mente aberta, mas querendo se enterrar ainda mais naquela disfunção presa àquele lugar. Salvava-se a música. Ela não tinha olhos nem coração, mas agradava e agraciava a todos. Fazia os sonhos serem mais sonhos, fazia o tempo parar por todos os instantes e passava a fazer tempos passados em atemporais. Fazia com que o vento gelado parecesse uma orquestra de violinos passando pelos ouvidos desatentos daqueles que estavam viajando pelo sonho, inconstante sempre. Pintava-se de formas e cores esse sonho, esses se sentiam perdidos, mas perto uns dos outros. Não precisavam entender o que acontecia. Não queria imaginar a vida de outra maneira só em outro lugar. Neste outro lugar o frio continuava, as pessoas eram outras, algumas em harmonia com as outras, mas o frio continuava. E os que tinham o peito fechado de um lugar para querer estar e entrar, sonhando, em outro tinham uma certeza, buscavam a felicidade próprio. Os que tinham o peito aberto, esses....



"But I’ve still got me to be your open door,
I’ve still got me to be your sandy shore,
I’ve still got me to cross your bridge in this storm,
And I’ve still got me to keep me warm"
- Damien Rice - Grey Room

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Quero trançar minha alegria no seu sorriso
Quero olhar no céu e lembrar
Todo o dia da pureza do seu olhar

Quero sentir seu cheiro sempre
E pensar o quão perto você está
Seu riso me faz bem
Seu azul transborda-me

Sua voz silencia-me
Sua palavra me alucina

Quero em mãos
Ter a tez da sua brancura

Quero no meu circo, a sua palhaçada.
E no picadeiro, pulsante, do meu coração:
A sua magia

Às vezes, quero, apenas:
sorrir.