Naquela noite fazia muito frio. A música se elevou e o grito pulsante, mas silencioso que saia da boca de cada um se exaltou. Não era o lugar onde corações estariam desolados. Sabia-se que ali, bem ali naquele ponto o mundo abrir-se-ia. De compaixões e descasos cada ser unia a força e a forma para construir o seu mundinho. Uns com o peito apertado querendo sumir daquele lugar outros com a mente aberta, mas querendo se enterrar ainda mais naquela disfunção presa àquele lugar. Salvava-se a música. Ela não tinha olhos nem coração, mas agradava e agraciava a todos. Fazia os sonhos serem mais sonhos, fazia o tempo parar por todos os instantes e passava a fazer tempos passados em atemporais. Fazia com que o vento gelado parecesse uma orquestra de violinos passando pelos ouvidos desatentos daqueles que estavam viajando pelo sonho, inconstante sempre. Pintava-se de formas e cores esse sonho, esses se sentiam perdidos, mas perto uns dos outros. Não precisavam entender o que acontecia. Não queria imaginar a vida de outra maneira só em outro lugar. Neste outro lugar o frio continuava, as pessoas eram outras, algumas em harmonia com as outras, mas o frio continuava. E os que tinham o peito fechado de um lugar para querer estar e entrar, sonhando, em outro tinham uma certeza, buscavam a felicidade próprio. Os que tinham o peito aberto, esses....
"But I’ve still got me to be your open door,
I’ve still got me to be your sandy shore,
I’ve still got me to cross your bridge in this storm,
And I’ve still got me to keep me warm"
- Damien Rice - Grey Room