domingo, 29 de junho de 2008

A música tocará de fundo
E lá no céu brilhará lugares incomuns
Aqui, no chão, ao lado, ao tempo
Ao vento, no momento
Crescerá a poesia de cada hora
Cada contemplação, cada idéia procurada
Cada utopia
O verso da hora passada será
A declamação do futuro
Tentar ser uma estrela negra
Em um prateado céu
Vozes por todo espaço
Expansão proposital de sentimento
Ar, tempo e lugar para descanso.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Qualquer premiação deve ser menos que uma emoção dessas. Dois caras geniais, Saramago e Fernando Meirelles! Um dos melhores, e mais emocionantes, livros que eu li, o primeiro do Saramago, dirigido por um dos nossos melhores diretores. Esperemos para assistir!

domingo, 22 de junho de 2008

Pisava nas folhas secas caídas naquele descampado verde do lugar mais distante imaginário da sua vida. Ventava frio, e o sol brilhava, com pouca intensidade para manter aquecido aquele corpo que caminhava. Externava sua felicidade para o nada, mas o ideal era pra ele mesmo. Quanto mais andava mais parecia que estava à volta de um círculo, saia do nada para entrar no outro lado do nada. Não havia nada ao seu redor, este silencioso e austero. Impunha sobre ele o não limite da vida. Sons de guitarras iniciaram a distorção do silêncio daquele momento. Construía, deste modo, uma melodia. Continuava passando, pisando e despedaçando as secas folhas. Cansado, parou. Deitou na grama e com algumas folhas fez uma pequena elevação para descansar a cabeça. Deparou-se com o céu. E assim ficou até tudo escurecer e o horizonte se abrir em luz.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

É o meu ponto de partida
É o meu pôr-do-sol
É o meu porto seguro
É o meu ponto de estada
É o meu ponto de sossego
É o meu ponto de aceleração
É o ponto alcance
É o meu ápice de paixão
É o meu caminhar
É o meu passo
É a iluminação que clareia a minha estrada
É a morada do meu amor
É o pulsar do meu sentimento
É a vitória-régia da minha paisagem
É o ponto de areia onde estou
É o ponto à beira-mar onde contemplo
É o horizonte do meu futuro
É o ponto que desejo
É, novamente, a morada do meu amor
É o sorriso da minha gargalhada
É a risada da minha inocência
É a esperança nunca adormecida
É o meu verso na minha poesia
É o silenciar da minha prosa
É o fazer-me completo
É o meu ponto de chegada.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

“Qualquer coisa que se sinta, tem tantos sentimentos deve ter algum que sirva” - Arnaldo Antunes e Alice Ruiz

Qualquer, qualquer coisa, coisa que faça passar o tempo, ponto de fuga, ponto de começo, ponto do início. Qualquer sorriso, qualquer entrada, qualquer lugar que me faça entrar, qualquer coisa, coisa que me faça horizonte, qualquer. Qualquer coisa que me apresente, represente, presenteie, dê-me como presente, sentimento, vida, gostar. Lapso qualquer, qualquer curva, qualquer coisa, coisa sem reta, qualquer anormalidade, coisa não fútil. Qualquer som, voz, qualquer música. Qualquer coisa não fixa. Coisa de olhar e apreciar, qualquer tempo, qualquer final de ponto. Ou, coisa qualquer sem final. Qualquer batimento, sortimento e acabamento. Qualquer fotografia, qualquer saudade. Qualquer buraco, qualquer. Qualquer dia, noite. Qualquer noite, qualquer praia, qualquer lua. Qualquer cheiro, qualquer gosto. Qualquer imagem, foto, qualquer coisa preta e branca. Qualquer coisa de alguém. Qualquer fala, qualquer. Poesia qualquer, verso qualquer que verse coisa.
Qualquer coisa de mim, coisa que me faça eu.

sábado, 7 de junho de 2008




As músicas que tocavam há um ano atrás
Pouco tocam agora neste
À memória se dá o desfrute de lembrar
Os passos, os pássaros, os arredores azuis do mar
A imensidão, a imponência dele
As pessoas de um ano atrás
Continuam na amizade e no coração
As mesmas árvores, o mesmo verde, o mesmo caminhar
Já não se encontram presentes
Mas na saudade, nela bate
Bate o som das vozes daquela noite cheia de estrelas
Que no céu de um início de junho
Batia uma brisa leve, ao mesmo tempo que quente
Aquele boteco, onde o chopp era gelado
E os vários chopps refletiam olhares suspensos
Elevados por sangues diferentes
As músicas que tocaram há um ano atrás
Poucos entenderiam
Mas como um coração pulsando no meio de uma multidão
Fluía as vozes em uníssono
Fazendo sentimentos aflorarem tempos idos
De sambas e sambas
De mais cervejas em cervejas
O tempo passa e a memória continua a mesma
A festa é outra, a transitividade mais além
O gosto doce e amargo de um ano atrás
Continua impresso pra sempre
Nas músicas que há um ano pararam de tocar
E silenciaram na orquestra da nossa memória
E só lá elas se encontram, vivas.
"Posso ouvir o vento passar,
assistir à onda bater,
mas o estrago que faz
a vida é curta pra ver..."
Pati e Allas esse é pra gente!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Abraçava-se ao vento e ao tempo, desinteressava-se o redor do seu lugar, girava como um gavião observa tudo o que estava a sua volta, não sentia o ar batendo no seu rosto, só pairava e fazia o redemoinho da sua vida acontecer, preferia ter na esperança deixada a poucos momentos que eles voltassem, sejam bons ou ruins. Não queria falar em saudade, nem dor. Cantava só o gostar. Cantava só o momento. Silenciava-se a todo o instante que aquele mesmo tempo parava. Aquietava-se com ele. Mas, novamente, levantava vôo e fazia um novo vendaval, passava por tudo lentamente, mas tinha em mente não ter saudade, vivenciava-se daquilo. Dançava, cantava, e dos olhos suplicantes para o convite bailava a dois, no mesmo giro, onde aquele momento, aquele mesmo do vendaval, do qual o seu redor não tinha importância, far-se-ia tempo presente, o qual futuramente desejaria sentir saudade.


Ela é foda! Pra quem não conhece, ouçam: Amy Winehouse!!

domingo, 1 de junho de 2008

"Mas importava quando? Se o passado era esse mar polido, regular e sem limites visíveis, e Sofía seu único rosto, tanto que bastava invocar seu nome para invocá-lo inteiro, que podia importar os fatos, as datas? E nesse sentido era de "fora", Sofía? Um elemento de fora? Estava incluída? Por que, então, à medida que se aproximava dele, tudo o que havia ao seu redor, o fundo e os acessórios que a situavam e davam-lhe realidade, por que de repente tudo tremia como um reflexo na água e dissolviam-se, e a única coisa que continuava visível era ela, intacta e sozinha no meio do vazio?" - A sempre volta de Sofía, em O Passado - Alan Pauls