domingo, 19 de dezembro de 2010

Lábia que me tem
Lábia que me possui
Lábios que me tateiam
Lábia nos meus ouvidos

Língua nos meus sonhos
Língua que pega minhas palavras
Língua manuseante do meu cabelo

Assim, num batimento
lábia com minha língua.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Se eu to no osso
esse ano, de oxum,
é no ovo para nascer no de novo

Com a benção de Yemanjá,
sem o mar, sem a chuva do luar.


quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Não é o céu azul
nem o seu azul,

é o meu acreditar
o bastar por acrescentar

das voltas que este universo não dá.

Não é a minha paz, nem a minha promessa,
é o laço que eu jogarei e farei você minha caça.

No meu rancho na beira do mar, ao som do luar;

No meu laço, nos meus braços, nos meus olhos:
farei o universo dar os giros que ele não sabe dar.

sábado, 20 de novembro de 2010

Além, aquém
Isso lá é hora de solidão?
Doce, salgada, agri.

Alguém, sem ninguém,
à quem?

Só um, além da solidão.
Alguém?

Amém.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Os meus olhos não são negros,

mas têm a força que uma jabuticaba faz no intestino.

Meu cabelo não é sarará,

mas a força dele é black.

Minha pele não é negra,

mas é agitada como a negritude.

Meu sangue não é preto,

mas é vermelho banhado de samba.

Salve todos os negros do mundo. Oxalá!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

eu escrevo tu
tudo para tu

eu escrevo em uma gota
a lágrima ferrenha que me escorre

eu canto tu
canto para tudo

eu canto com dom
escrevo com tom

danço para tu
arrasto os pés para tudo

eu não vou fazer versos de amor
já me bastam as canções que você não ouve mais.

sábado, 23 de outubro de 2010

a poesia é para os olhos
é para a alma
a poesia é para o falar
é para o silêncio

a poesia é para o aprendizado
a poesia é para tudo
para parar tudo
Pare tudo!

a poesia é para agora!
para a mente ser sempre!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

por todo grão de terra na mão
por todo sol no rosto marcado
por toda força do começo
por toda vida

por todo olhar que avisa
por toda trama enlameada
é hora de partir para a vida

por toda distância
por toda morte
por toda morte da vida
por todo olhar
é pelo horizonte que a vida se faz hora.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ciranda

No sim: a profecia
No não: o pecado

Rodando na ciranda pela profecia,
pelo profeta

Rindo na ciranda
para o pecado virar pro bem.




terça-feira, 14 de setembro de 2010

No meu globo cerebral
você é os meus 70% de oceano

o resto é o meu continente-consciente
querendo se tornar mar.

... o querer é irretocável.

sábado, 11 de setembro de 2010

Espalho espelhos pelas minhas mãos
Corro para percorrer o cheiro que exala da minha vida

Espelho a alegria que espalho pelas rodas
que respiro.


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Rio,

Curto, curvo em curva

Tripa marrom por entre suas margens verdes

Leva apenas solidão em profusão para o colchão do oceano

Rio ri,

Curto, curva encurvada

Encravada na areia por sobre a floresta, a terra

Rio osso,

Esqueleto da água terrana

Trama embrenhada por entre árvores

Misturada por caminhos;

Afivelado, despregado do submundo das algas e dos peixes.

Vai, vai abraçar aquele que te espera,

Sem inveja, sem audácia,

Vai, vai salgar aquilo que te é doce.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

“Qualquer coisa que se sinta, tem tantos sentimentos deve ter algum que sirva” - Arnaldo Antunes e Alice Ruiz

Qualquer, qualquer coisa, coisa que faça passar o tempo, ponto de fuga, ponto de começo, ponto do início. Qualquer sorriso, qualquer entrada, qualquer lugar que me faça entrar, qualquer coisa, coisa que me faça horizonte, qualquer. Qualquer coisa que me apresente, represente, presenteie, dê-me como presente, sentimento, vida, gostar. Lapso qualquer, qualquer curva, qualquer coisa, coisa sem reta, qualquer anormalidade, coisa não fútil. Qualquer som, voz, qualquer música. Qualquer coisa não fixa. Coisa de olhar e apreciar, qualquer tempo, qualquer final de ponto. Ou, coisa qualquer sem final. Qualquer batimento, sortimento e acabamento. Qualquer fotografia, qualquer saudade. Qualquer buraco, qualquer. Qualquer dia, noite. Qualquer noite, qualquer praia, qualquer lua. Qualquer cheiro, qualquer gosto. Qualquer imagem, foto, qualquer coisa preta e branca. Qualquer coisa de alguém. Qualquer fala, qualquer. Poesia qualquer, verso qualquer que verse coisa.
Qualquer coisa de mim, coisa que me faça eu.

sábado, 21 de agosto de 2010

Clara manhã, amanhã
desperto esperto
clara gema do sol entrando pelo quarto escuro
claro, clareia amanhã a minha manhã.

Cara clara,
cala-te para ouvir teu som
Cara vida cara,
seja apenas vida clara.

Cara dor,
durma esperta quando desperto.

Claro amanhã, a manhã
à manha te espero:
para seguir em frente, absorto da vida cara
sendo, novamente, apenas vida.

sábado, 14 de agosto de 2010

ela - Apresenta-me a vitrine ou é humano enrolado?
ele - Apresento-te a vitrine mas o humano é demasiadamente enrolado.
ela - Prefiro conhecer o enrolado demasiadamente.

ele - Então sobreponha o escuro aos seus olhos: apresento-te a lua luzidia nos paralelepípedos, apresento-te eu enrolado no seus cabelos, apresento-te minhas mãos no seu rosto, apresento-te salvo conduto do mundo, apresento-te preso à imagem da vitrine e junto à essa prisão a sua imagem, apresento-te uma taça de vinho e uma música para dançar de pés juntos a dois ou a quantos personagens conseguirmos criar, apresento-te um ser humano em demasia enrolado, não querendo enrolar ou talvez apenas cantar no seu ouvido para gradativamente te fazer dormir.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ao redor do sim
ao redor do som
ao redor dos seus passos em círculos.

a valsa dos meus pés
à frente dos seus.

a perda da razão
ao redor do frio
do fim do seu redor.

à paixão:
ao redor do sim,
o estômago vulcânico cheio do não.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Do ponto inicial ao final

O parto

Do rio ao oceano

O parto

Do escuro para o claro

O parto

Tudo em torno no começo

Do claro para o escuro

O parto

Do último olhar para a saudade

O parto

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Lava me lavra

Lave-me leve

porque é de água

que me reduzo a lava

recluso e só

leve como

o ar

Lava me leve

para, assim, desaguar junto à ela

Lave-me leve lava

já que em lava me serei feito


em efeito.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

o céu de hoje amanheceu sem vento.
o ar estava cinza
e as cores dos meus olhos, sempre verdes,
estavam viajantes.

e eu que pergunto de onde vem os olhares
de onde vem a cor pura do saber.
o sol escondido pelo cheiro da fumaça,
quente e poluída
que grita a cada canto redondo do planeta,
está cada vez mais triste.
já que ele não consegue fazer brilhar
os seus olhos, ainda sem cor,
aos meus em busca desse gomo que busca apenas
serenidade.

domingo, 4 de julho de 2010

Rebento

Rebento
De Luz em produção
De primeiro choro em voz aguda
Estridente
Rebento
De verde em profusão
De acalorada lágrima por nascer
Rebento
De águas profundas
De seres destemidos
De vida
Rebento
De destino sórdido
Obscuro e misterioso
De devaneios agnósticos
De ilusão
Rebento
Em vida brincada
Trancada e por vezes
Lançada
Rebento
De flores, frutos.
De vidas.
A sós.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Para Mago


Os olhos magros e cegos

Brancos e ternos;

Os olhos de Blimunda: hipnotizadores;

Os olhos de todos;

os olhos da mágica do mago.

Nas andanças pelas ruas de Lisboa:

De mentes dadas vão Ricardo e Fernando.

A caveira, o fim, o essencial, o que resta do ser humano:

no escuro de uma caverna.

A ilha de um paraíso desconhecido,

ou a ilha navegante pelo ar-mar.

As gotas de sangue pingadas na tigela,

sem o olhar do Dono, já fraco e estarrecido,

feito um humano qualquer pregado à cruz.

Os olhos meus, a atenção de todos,

duplicada como se os outros também nós o fossem.

Todos os nomes, todos! Perdidos, achados, organizados.

A dês-culpa de Caim.

Tudo isso: do Pilar de sua vida

para pular à outra vida (ou não)

e assim,por fim, talvez: entender as intermitências de uma morte que o veio buscar,

para levá-lo em pó pra onde tudo começou, Azinhaga.

“No dia seguinte ninguém morreu”

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A minha voz rouca, sentada, pedindo sua ajuda. A minha voz em busca do meu canto em algum canto seu. A minha voz suja, lavrada pela visceral hostilidade sua. A minha boca pronunciada pela sua voz, voz minha. A oca voz que sai pelas minhas gargantas, pelos meus poros, pelo meu ouvido, pelo seu chamado. Qualquer som da minha boca pronunciando seu nome, que não faça bem, não faça mal, não faça. Faça. A minha boca pronunciada pela sua. A minha rouca voz, limpa, úmida, atrapalhada como as palavras que tento escrever, sem nexo, desconexo com a voz translúcida da minha espera pela sua saída. Chegada. Início de tudo novamente. Culpa da sua nova chegada? Abrigo da minha voz, da sua voz, da nossa e sempre verdadeira voz. Culpa? Só da minha voz, da minha boca, da minha unidade em prol da sua satisfação. Tristeza? Só da lonjura da sua boca da minha. Meu pranto pelo meio das nossas bocas. Meu pranto entre a sua hostil felicidade. Um tanto, um tempo, um tento, para mim e para você na solidão não desperdiçar a nossa paz. Tristeza e culpa? Da minha parte, nunca mais.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Ubuntu

É por descontente felicidade que haverá união,

É por um grito, seja de dor; de ausência; de alegria;

de democracia; de desunião; de união; de alvoroço;

de maneira desconexa; de povos; de raça:

seja por apenas um grito de alegria

que haverá união.

Não que seja apenas em dias contados

para apenas uma felicidade,

Essa é a essência,

não só apenas para o significado do viver,

mas para o essencial de uma amizade.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Feche-me nos olhos,
rapte-me e capte-me,

seja meu ouvinte:

sinta o som mudo da minha boca
entrando com o ar nos seus ouvidos.

Capture-me,
esqueça-se do mundo
e encontre-me no seu tempo.

"Just in time you found me just in time
Before you came my time was running low" - Just in time - Nina Simone

sexta-feira, 14 de maio de 2010

é de só e de pó
que não faço da minha solidão
um vão para a escuridão alheia

é de sol e de só
que faço das minhas mãos
aprendizado para minhas noites

é de pó e de só
que não fico sozinho
para escrever alguns versos tementes

em mente, por bandas
vou ilusoriamente colhendo o pó
para me deixar perto do sol,
a sós.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

e os passos dados nas calçadas
se desfaziam pelo ouvir das músicas dos outros pés
que ao lado passavam desapercebidos

é um desalento esta distração:
dos pés corriqueiros, sem caminho, sem direção
em eterna confusão por não pensar nos seus vizinhos de passeatas
cegos.

vai lento, sem cair ou tropeçar
vai descansar para prestar atenção
e emprestar menos tensão à vida.

vai sem entregar aos pontos os pontos;
continua, propague para deixar de ser estático,
assim, pés em pés, encontrará o fiador
para a soleira deste coração
.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

o silêncio da sua imagem

ainda vem à tona pela minha lágrima
refletida pelas gotas pingadas.


terça-feira, 20 de abril de 2010

Lave me lava
Lave-me leve

porque é de água
que me reduzo a lava

recluso e só
leve como ar

Lava me leve
para, assim, desaguar junto à ela

Lave-me leve lava
já que em lava me serei feito

em efeito.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Hoje eu estou com a nostalgia

À altura da sensibilidade

para tomar um vinho e:

ouvir Noel e Cartola,

embedar meus ouvidos de poesia.

Mas vou acabar com a companhia,

Do Scorcese, que faz com maestriz

meus olhos pensarem.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

De quem é essa chuva santa

Que me faz escorrer pelos dedos

O que era para escorrer pelos olhos?

Que água avassaladora é essa,

Que impede o meu afogamento,

Que não faz nada para sentir minha respiração?

Vem, já que esta chuva é para ser torrencial,

Venha!

Entregar-me-ei por completo, de mente e coração aberto,

Para no fim escorrer junto a ela.

quarta-feira, 31 de março de 2010


pelo verso,

sou o avesso:

portando versos,

pregando textos.

pela poesia,

sou autarquia:

pela palavra,

lavro a minha felicidade (ou fidalguia).

pela manhã,

sou do céu;

mas pela noite,

a vida se faz presente.

pelo avesso,

sou o verso.

segunda-feira, 22 de março de 2010

eu vou cantar para a saudade me deixar. vou transportar o sonho para o sono. vou dormir degustar. escutar, ver.

eu vou saudar para cantar e deixar de ter saudade. sentir falta, arder da febre que a dor proporciona.

da dor à beleza: a beleza.

um nó para sonhar, para (des)amedrontar.

dissolver e solver em água. pegar fogo pelas gotas e deixá-las se esvaírem e evaporarem. para a mesma saudade de sempre não me tocar.

ali, o sonho do sonho, no espelho; sempre a refletir. voando, voando. e assim, ando (de andar mesmo).

ali, no sonho, me afogo da saudade que já retorna e se repete.

quarta-feira, 17 de março de 2010

em você meu afago,
em você meu perigo, meu perdido,

em você me peder, me sorver
em você me inspirar, me enternecer,

em você deixar saudade,
transportar o tempo e pará-lo em você,

em você degustar,
em você entrar,

em você fazer juras,
em você o sol e a lua,

em você aprender e prender,
em você pensar e esquecer de tudo,

em você ser eu,
e pra tudo parar por você.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Quanto mais me vão os anos,
mais me inspiro para viver.
Já estou cansando, nestes não tão poucos anos passados,
da política e da hipocrisia que nos assola.

Quanto mais me vão os anos,
viver me torna mais humano.
Já me apaixonei, mas também,
tenho certeza que viverei apaixonado.

Quanto mais me vão os anos,
menos medo tenho de buscar o céu,
na incerteza desta procura,
restará-me apenas o inferno.

Basta-me apenas viver,
e feliz por tê-los vivido,
já sei que os anos se vão.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Baby, quero você no meu blues,
você na manhã da minha cama,
no café do meu almoço.
Nas pernas entrelaçadas das noites não dormidas.
As mordidas na maçã do seu rosto,
e o abraço perdido pelos braços.

Baby, quero o meu blues pra você,
sem dor, sem (re)sentimento.
Batidas intempestivas no seu pensamento,
a declaração da sua beleza.

Baby, quero de você a minha Lilly Braum,
a última dose de whisky para tomarmos juntos.
A última dança do início da noite,
seus olhos para me fazer descompassar.
Só um romance para um beijo,
e deitarmos para ficarmos acordado.

Baby, apenas uns versos,
para te dar um blues.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A tristeza

Há uma lágrima derramada
Triste
Há um amor esquecido
Vivo
Há uma tristeza sem fim
Feliz
Há um pranto sem choro
Livre
Há uma vida clara
Morta

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010




vida breve, vida que seque
não traço meu caminho pelo amor
nem pelos cotovelos, nem novelos.

vida que segue, vida breve
vou em busca do caminho da minha liberdade:
felicidade.

vida breve, versos fora
poesia dentro, felicidade avante,
vida seguindo.

vida breve, poesia que segue
como achar a liberdade sem o amor ausente,
mas latente?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

ainda tenho tempo:
de chorar e de amar.

ainda tenho tempo:
de sovar e de assar.

ainda tenho tempo:
de pedir perdão e ter tesão.

ainda tenho tempo:
de confusão e arrumação.

ainda tenho tempo:
de precisar do silêncio

ainda dá tempo:
pra dizer que tenho tempo.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

para fazer poesia
preciso muito mais que inspiração
muito mais que coração
muito mais que animação

para fazer uma poesia
preciso de musicalidade nos olhos
palavras no ouvido
e tempo de saudade na mente

para fazer poesia
preciso de sentimento
nem que seja pelas ondas que do mar fazem o meu som
nem que seja pelo cheiro das coisas

para fazer poesia
preciso apenas querer enxergar o que podem achar "não-poesia"
preciso ser velho
e ter conhecimento do mundo interior do meu silêncio

para fazer poesia
preciso precisar as imagens
as cores e os sabores
preciso crescer com os versos

para fazer poesia
apenas preciso "poemar" as palavras.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sentei à beira do caminho, e lá estava todas as coisas que conspiravam para a minha felicidade. Vi as coisas e pessoas que me davam orgulho, vi as que eu desprezava pois já não me tinham mais importância. Sentei para pensar na vida e vi a confusão que ela é. Vi que amores são sempre importantes para construir o ser humano, para destruir também. Mas sentado à beira do caminho da rua em que passa minha vida vi que eu podia entrar em uma avenida, lá o horizonte era maior, poderia ter várias respostas, propostas, apostas, e todas as quimeras desordenadas do que eu posso chamar de vida. Lá eu vi os olhos e cabelos que passaram por mim, os cheiros, os sorrisos, os olhares que me marcaram, já não os tenho quase todos comigo, somente alguns ou um, mas estão guardados na memória, pois nostálgico sou. Lá pude ouvir as músicas que mais gosto e rememorar os poemas que me fizeram ler, reler e reler sempre, para que os versos mudassem a cada leitura. Sentado à beira do caminho, continuo andando, em busca de outros lugares, outros olhos, sorrisos, olhares.


PS: Acho que não gostei disso, mas estou sem tempo pra escrever. (Foi feito em um dia de saudade)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O “laiá” que se ouvia naquela cidade tornava-a felizmente mágica. Sentia-se o alarido de vozes e pessoas cantando e entoando músicas do interior de um Brasil, em uma festa aonde todos são recíprocos. Bucólica e afastada davam a idéia de que para uma outra dimensão era transportada. À realidade voltava-se a cada momento de confetes e serpentinas pairavam no ar até o momento curto de caírem-se ao chão. Era notório o sorriso estampado no rosto de cada pessoa, de cada criança. Surtia efeito todo o colorido que enfeitava a cidade. Flores e mais flores gritavam aos olhos de toda a massa que passeava por entre as ruas e vielas, algumas de pedras, mas que continham história. A Luz às vezes fraca juntava-se aos corpos flamejantes de pessoas querendo se apaixonar, apenas no carnaval. Bocas estridentes juntavam-se inadequadamente e outras com uma adequação certeira. Quenturas inflamavam pelas paredes da igreja daquela cidade. Carnal era o desejo das pessoas serem felizes. Aí vinha a chuva, para refrescar e esfriar um pouco a consciência daqueles que já estavam satisfeitos com tantas cantorias. Amanhecia o dia e parecia que as memórias do dia anterior eram jogadas no lixo, mas não, essas lembranças são eternas, mesmo que para lembrá-las haveria de esperar por acabar toda a festa. Risos e sorrisos eram constantes, não haveria pudor nem despudor de os perder. O contágio que a música fazia aos ouvidos mais distantes mexia com algo no corpo. E lá naquela cidade se deixa a saudade do tempo interior para pensar e trazer prazer para o tempo posterior. Os olhos das pessoas encontravam-se e alargavam os lábios. As crianças tornavam a dança mais mágica e simples, faziam-nos levar a sério que a vida era apenas uma brincadeira, de criança, nesses poucos, mas cansativos, dias. Enfim, deixa-se a alegria, para transformar a vida em apenas vida. Sim, porque lá no meio da serra a cidade continua guardada, escondida para que a descubram apenas em uma outra oportunidade.


"escrevi este texto há dois anos. Tudo que ele remete é São Luís do Paraitinga, cidade a qual tenho grande admiração e paixão. Está passando por dificuldades agora mas tenho certeza que irá enfrentar isso com toda a leveza e felicidade que sempre encontrei lá. Passei e passarei os melhores carnavais da minha vida sempre sorrindo como neste verso: "O carnaval de São Luis é o paraíso, dê um sorriso, dê um sorriso""

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

se eu tivesse as qualidades de dar o nó na vida, faria da minha linha a sua entrância, para dela fazer o bordado a sós a dois. a cores, a flores, por amores.

é da linha de seda pura que faria do tecido transparente
a resplandecência de um sentimento.

por este pano não passaria nem a água salgada.

formaria a paz, a paz que eu preciso
de que nós dois precisamos desta paz.

enfim, por fim.

"É a sua vida que eu quero bordar na minha
Como se eu fosse o pano e você fosse a linha"