segunda-feira, 30 de agosto de 2010

“Qualquer coisa que se sinta, tem tantos sentimentos deve ter algum que sirva” - Arnaldo Antunes e Alice Ruiz

Qualquer, qualquer coisa, coisa que faça passar o tempo, ponto de fuga, ponto de começo, ponto do início. Qualquer sorriso, qualquer entrada, qualquer lugar que me faça entrar, qualquer coisa, coisa que me faça horizonte, qualquer. Qualquer coisa que me apresente, represente, presenteie, dê-me como presente, sentimento, vida, gostar. Lapso qualquer, qualquer curva, qualquer coisa, coisa sem reta, qualquer anormalidade, coisa não fútil. Qualquer som, voz, qualquer música. Qualquer coisa não fixa. Coisa de olhar e apreciar, qualquer tempo, qualquer final de ponto. Ou, coisa qualquer sem final. Qualquer batimento, sortimento e acabamento. Qualquer fotografia, qualquer saudade. Qualquer buraco, qualquer. Qualquer dia, noite. Qualquer noite, qualquer praia, qualquer lua. Qualquer cheiro, qualquer gosto. Qualquer imagem, foto, qualquer coisa preta e branca. Qualquer coisa de alguém. Qualquer fala, qualquer. Poesia qualquer, verso qualquer que verse coisa.
Qualquer coisa de mim, coisa que me faça eu.

sábado, 21 de agosto de 2010

Clara manhã, amanhã
desperto esperto
clara gema do sol entrando pelo quarto escuro
claro, clareia amanhã a minha manhã.

Cara clara,
cala-te para ouvir teu som
Cara vida cara,
seja apenas vida clara.

Cara dor,
durma esperta quando desperto.

Claro amanhã, a manhã
à manha te espero:
para seguir em frente, absorto da vida cara
sendo, novamente, apenas vida.

sábado, 14 de agosto de 2010

ela - Apresenta-me a vitrine ou é humano enrolado?
ele - Apresento-te a vitrine mas o humano é demasiadamente enrolado.
ela - Prefiro conhecer o enrolado demasiadamente.

ele - Então sobreponha o escuro aos seus olhos: apresento-te a lua luzidia nos paralelepípedos, apresento-te eu enrolado no seus cabelos, apresento-te minhas mãos no seu rosto, apresento-te salvo conduto do mundo, apresento-te preso à imagem da vitrine e junto à essa prisão a sua imagem, apresento-te uma taça de vinho e uma música para dançar de pés juntos a dois ou a quantos personagens conseguirmos criar, apresento-te um ser humano em demasia enrolado, não querendo enrolar ou talvez apenas cantar no seu ouvido para gradativamente te fazer dormir.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ao redor do sim
ao redor do som
ao redor dos seus passos em círculos.

a valsa dos meus pés
à frente dos seus.

a perda da razão
ao redor do frio
do fim do seu redor.

à paixão:
ao redor do sim,
o estômago vulcânico cheio do não.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Do ponto inicial ao final

O parto

Do rio ao oceano

O parto

Do escuro para o claro

O parto

Tudo em torno no começo

Do claro para o escuro

O parto

Do último olhar para a saudade

O parto