segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

o canto dos pássaros
faz-me ter
a recordação de uma tarde
na grama baixa
sentado
vejo a mata verde
e o azul claro
iluminando
emanava encanto em meio às árvores
e eu sentado
o gorjear da passarada.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Maria

E agora, Maria?
A roupa suja.
A roupa lavada.
A roupa passada.

E agora, Maria?
A comida crua.
A comida cozida.
A comida “quentada”

E agora, Maria?
O filho pequeno.
O filho grande.
O filho homem.

E agora, Maria?
O marido no trabalho
O marido em casa.
O marido na cama.

“e tudo acabou,
e tudo fugiu...”
E agora, Maria?

Você nesta cama.
Deitada.
(com este inconveniente)
Fazendo massagem nos pés dele.
E agora, Maria?

Que desilusão.
Que solidão.
Que sofreguidão.

...
E agora, Maria?
Fiz esse poema pensando em um poema do Drummond anos atrás em uma das primeiras vezes que o li.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008




Quero a lividez dos seus pés
Nas minhas mãos
Incasáveis de massageá-los

E o cansanço do meu dia
Repousado no seu colo

E a tristeza da estafa
Aconchegada nos leves dedos seus
Em meus cabelos.

A persepção da sua respiração
No cálido silêncio do meu ouvido

Apenas o carinho.


Para a desconhecida do sonho.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008




Na esquina. A luz vermelha se acendeu. Só ouve o tempo de os olhares se cruzarem, ele tentou dizer alguma coisa para ela, mas era tarde demais. A expressão de felicidade que os olhos dela soltaram e o sorriso que teve ao encontrar os dele foram instantâneo. Não entendeu porque a boca dele mexeu-se. Só sentiu uma pancada profunda e dolorida. Mas ouve o tempo de suspirar uma última vez. Ele correu em direção já desesperado para abraça-la. Ao chegar perto de seu corpo, pode ver que mesmo com a batida e o possível susto que levou o sorriso continuava o mesmo. Uma lágrima caiu no rosto rosado e futuramente branco. Não surtia nenhuma palavra ou frase de seus lábios. Entendeu que a vida se desfez naquele momento. Que duas vidas se desfizeram. Avisou os familiares. Não teve coragem de ri ao enterro. Só teve animo de ir à lagoa que ficava perto de sua casa. Bem nos fundos, aonde da varanda toda de vidro podia-se ver o sol se por todos os dias. Com o mesmo sorriso que se perdeu em suas mãos naquela tarde anterior, nesta manhã, entrou nas águas quentes, de sol escaldante. Pensou em se refrescar. Mas não. Não pensou novamente, entrou e não voltou. Queria encontrá-la em um céu azul. Aonde a luz verde permitiria viverem juntos.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Como na saudade. Ele tinha em seu peito todas as desavenças com o mundo e lembranças também. Todo o chão se abriu a hora que ele pisou para ver o dia. Saiu do seu cubículo e viu que lá fora não havia escuridão. Tinha-se esquecido de como era a luz do sol e de como era a cor do céu. Não sabia verificar mais se o amor tinha a cor vermelha. Não sabia mais observar as pessoas como meros figurantes na sua passagem pela vida. Não. Tinha que aparecer algo em seu mundo. Um horizonte distante talvez para buscar. Devia caminhar e ver que todas as faces da vida lá fora, tinham vários estereótipos. Sorrir. Preocupação. Medo. Sono. Vigilância. Afobação. Estresse. Dúvida. Adivinhação. Romance. Paixão. Tristeza. Vida. Tinha em cada rosto de cada pessoa que passava ao seu lado um misto de cada uma dessas exteriorizações. Calou-se ao ver uma criança vendendo um doce, uma bala no semáforo. Como pode um ser que ainda não sabe o que é viver, já estar com um peso nas costas daqueles que tem que aprender a viver. A disritmia do tempo faz com que todos não enxerguem que o mundo está virando ao contrário. Será possível que poucas pessoas perceberem isso? Queria ele poder ajudar toda a criança que estava ali, à sua frente. Tinha a certeza de que se todos os adultos fossem palhaços de circo, o trabalho daquelas crianças seriam mais dignos. Talvez elas fizessem o que estavam fazendo pra simplesmente fazê-las rirem. Pretendia ter saído de seu quarto para pelo menos ver como viviam os seres que não via a tempo. Não sabia se importar com o que acontecia lá fora quando estava lá dentro. Pela sua caminhada para aquelas horas à qual não fazia a tempo, ficou desanimado. Perdido com o que via a cada passo. A cada hora via que nas vielas de seu bairro as pessoas ignoravam umas as outras. Teria como fazer algo por elas? Sabia que todo o sol, todo o céu azul que havia lá fora, era despercebido por todos. Todos não estavam preocupados com coisas “miúdas” ao redor. Tinha simplesmente a inibição de fazer com que ninguém o percebesse. Ele, sim, estava ali para perceber. Cansou. Voltou ao se cubículo. Tinha que sozinho fazer a festa com ele mesmo. Aguou a planta ao lado da sua cama. E percebeu. Vivia. Só.

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Início, novo, tudo novo. Tudo novo de novo. Cabeça nova, pensamento novo, mudança. Mentalidade prolixa ao passado. Rumo a um tempo e templo, mesmo que pessoal, novo. Tudo corrente para o além. Além mar, além ar, além vivo e vital. Tudo parente ao perante de se estar novo. Tudo voando com o passar do tempo e do ano. Tudo que ficou pra trás, ficou. Tudo ao futuro. Tudo à vontade de se fazer o futuro. Novo. Com mudas, com mudanças.