sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Lágrima. Ternura.
Paz. Paixão. Fogo.
Visão. Cadência.
Elegância. Fugaz.
Flagrante e fragante.
Luz.
Olhar.

terça-feira, 27 de novembro de 2007


Pena


Há uma idéia caída em mim
Ela não deslancha
Está como um grito mudo
Está como o escuro iluminado
Está como a treva clara
Explicar-me-ão
A dor que senti por esta dor ideal
Ela que poderia mudar o mundo
E salvar o imprevisível
........................................
a força falta
é fraca
a idéia é grande.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007


Caminhava em direção ao nada
Percebeu que repentinamente
Começou a chover poesia
Das enormes gotas,
Rios criavam-se
Levando-o à uma lagoa
Chegou àquele aglomerado de águas límpidas
Mergulhou.
Fez-se em versos a vida num romance.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Assisti semana passada ao programa do Abujanrra na cultura, Provocações, e o convidado deu uma das respostas mais bonitas para a questão: Em que época você gostaria de ter vivido? Ele respondeu: o futuro. A Partir desse momento a minha resposta sempre será essa também. Não só pela forma poética que ela soou, mas também por todo o pensamento que vem no contexto. O que pensar sobre o futuro? Sempre pensamos coisas boas, sempre pensamos em sermos ociosos, ganhar na mega e viver viajando o mundo. Pensamos no mundo melhor para os nossos filhos, netos e amigos. O futuro é sempre inconstante, hora achamos que ele será bom, mas ai vem um cientista e fala no Aquecimento global, na proliferação de doenças, na falta de água. Mas mesmo assim pensamos no melhor. O Saramago não. Acho que é o único pessimista que eu tenho conhecimento. Enfim, gostaria de saber se no futuro responderei se a época que eu gostaria de viver é a de hoje. Talvez sim. Mas sempre pensarei no futuro, nunca esquecendo hoje.

PS: O convidado do programa é um ex-presidiário. Luiz Alberto Mendes. E hoje escritor.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Afaga. Silencia. Destrói. Encoraja.
Pudera. Arranca. Sorri. Gargalha.
Troveja. Almeja.
Cai.
Levanta.
Respira. Anda. Desfruta. Saúda.
Palavra. Saudade.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Finalmente depois de um certo tempo, quando me achei a última pessoa do universo que não havia assistido ao filme Tropa de Elite, eu o assisti. Fora todo o estardalhaço que o filme provocou, todas as súbitas e impensadas críticas que ouvi, achei o filme muito bom. Tenho que confessar que de um modo em geral esperava mais por todas as expectativas que criei perante o sucesso, mas eu gostei. Diferentemente de muitos comentários que escutei, o que me chamou atenção não foi o capitão Nascimento (em brilhante atuação do Wagner Moura), não foi o BOPE, não foi a marginalidade. O que me impressionou, talvez possa ser até um clichê, foi a crítica à hipocrisia da sociedade de classes médias e altas perante a todo o pano de fundo que o filme abordou. Uma mocinha bonita, estudante de direito, DIREITO, que toma conta de um Ong numa favela carioca, e é conivente com o tráfico, fumando maconha dentro desta Ong. Isso é mais interessante que a forma de treinamento do BOPE. É mais importante que os gritos que o capitão Nascimento dá com a mulher dentro de sua própria casa. Acho que todas as vezes que eu vir alguém fumando maconha, terei uma vontade de chamar essa pessoa de hipócrita, uma vontade de mostrar o quanto não é apática a participação dessa pessoa na sociedade. Claro, não somente as pessoas que fumam maconha ou usufruem outra droga são os financiadores do tráfico. Há muitas outras abordagens a serem questionadas. Várias dessas pessoas continuarão sendo lícitas. Conscientização!? Elas usam com boas ações em ongs. Final do ponto.

sábado, 10 de novembro de 2007

Parou no ponto de ônibus e subitamente teve a idéia e a vontade de voltar. Não sabia pra onde ir nem a que lugar gostaria de ir. Só lhe vinha à cabeça o desejo repentino de voltar. Assim, como nuvens são inconstante no céu de um dia instável, resolveu segui-las. Percebeu que elas o levavam de volta para o seu apartamento. Pode perceber o quão preocupadas eram as pessoas que passavam ao seu lado. O dia era bonito, belo, brilhante, mas ultrajantemente diferente para ele. Caminhava e só havia uma direção no seu pulsar. Seu apartamento. Queria seu quarto e sua sala de volta. Queria ter tudo ao seu redor, como poucas horas antes ao sair de casa para a faculdade. Chegou à frente do prédio respirou fundo e perguntava se era aquilo mesmo que ofegava no seu ouvido o que deveria fazer. Subiu as escadas, degrau a degrau começou a pensar em como era bom voltar. Sentiu saudade. Colocou a chave na porta, girou. Entrava na sua vida solitária. Tudo escuro lá estava. Abriu as cortinas. Sentou-se no sofá. Olhou o teto. Pegou o álbum de fotografias e rememorou momentos que gostaria que voltasse. Tinham dito pra ele que esses estavam com os dias contados já. Que não adiantava ele lutar com o sentimento que jorrava dentro do seu peito. Lembrou de músicas que ouviram juntos. De momentos que beberam uma cerveja. Tudo se transformou em poesia. O olhar que lançava para aquelas fotos. Colocou música no aparelho de som. A música era Let Down do Radiohead. Começou a chorar. Rememorou várias músicas que marcaram outros vários momentos com todos que sempre o rodeava. Em certos instantes não conseguia enxergar o rosto das pessoas nas fotografias. Aquilo era o passado. Ligou para ver se atendia. Foi ignorado. Abriu a geladeira. Lata de cerveja. Sentou-se novamente. A música agora era No surprises. Ficou estático em uma foto até o momento de dormir. Estava quase adormecendo. Só tinha uma imagem nos seus olhos, fechando. Não conseguia ver nada além. O além para ele era um sorriso.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Herança


Aos poetas, com agouro,
Deixo a falta de lê-los.
Aos padres, com astúcia,
Deixo a oração não orada.
Aos amores perdidos,
Deixo a falta da conquista.
Aos amores faltosos,
Deixo a impertinência da presença.
Aos romancistas vívidos,
Deixo a indulgência de um romance.
Aos casos mal resolvidos,
Deixo a futura resolução.
Aos amores vividos,
Declamo a saudade.
Aos amores morridos,
Deixo a vida.