segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Era perceptível o cheiro que ela deixou nas roupas e nos braços. Depois daqueles abraços, onde aços seriam pouco para medir as forças que havia no quase sem espaço entre eles. Podia sentir e pegar o perfume como se colhesse as frutas de uma árvore ou as flores de um campo. Não queria exprimir o arrependimento de despedida. O que acontece ou aconteceu, bastou-se. Havia um batuque no peito no findar-se do olhar. Os dois estranhavam-se a cada passo que davam para trás. Relembraram os passos avante que anos atrás os fizeram cruzar estes mesmos olhares. Não queriam entender, mas buscavam um desacordo com o que estava por fim. Havia expressão, demasiadamente, de arrependimento. Esquecimento. Por um triz ele queria a vida dela novamente. Queria acordar ao seu lado todos os dias e passar a mão nos seus cabelos e com um beijo dar-lhe apenas: “bom dia”. Fazer do esquecimento o presente para não reparar nas desestabilidades o dia faria em fervor, distanciando-se da sua memória aqueles cabelos e aquele cheiro. Não queria apenas o olhar dela, queria o seu silêncio contemplativo. Mas desejava também o entrelaçamento de suas pernas no momento em que a noção de hora os fazia esquecer desse mundo, rompiam com este. Fazia-se de amores, amantes. Abundava-se a maneira de fazê-la feliz. Fim era inexistente. Mas ela sempre lhe dizia que o sempre pode acabar num triz, como pode começar. Começou e após longo tempo findou-se. Ela quis se libertar. Não queria os mesmo beijos todos os dias e nem observá-lo a contemplá-la. Sentia-se como se uma sinfonia iniciasse uma nova etapa no que se chamava vida. Ele por sua vez, afogou-se em mágoas. Lágrimas rolavam na triste expressão do seu rosto. Queria viver, mas a angústia o impedia. E como por um novo triz, noutro dia, sentado no bar da esquina de seu novo apartamento, lá estava um sorriso. Um novo olhar que se limitava a passar somente na direção dos dele. Pedia-se aquele momento uma paralisação e não impunha nenhuma resposta negativa ao seu coração. Tomou coragem, rompia-se novamente com o mundo, e apenas uma direção o fazia seguir. Das lágrimas tristes do outro dia, havia agora gotas de felicidade caindo sob seus olhos. Percebeu o mesmo cheiro, e mesma maciez nos cabelos e os mesmo olhos contemplativos e observadores de sempre. A volta nunca é um caminho distante e o início pode nunca ser tão novo como parece.

3 comentários:

Larissa Minghin disse...

Gosto tanto do que escreve!

Anônimo disse...

prosa tão boa quanto sua poesia!!!

JURA

Guga Pitanga disse...

Que bom ver um conto por aqui!
Abção
Pitango
http://tchubaduba.blogspot.com/