segunda-feira, 7 de janeiro de 2008




Na esquina. A luz vermelha se acendeu. Só ouve o tempo de os olhares se cruzarem, ele tentou dizer alguma coisa para ela, mas era tarde demais. A expressão de felicidade que os olhos dela soltaram e o sorriso que teve ao encontrar os dele foram instantâneo. Não entendeu porque a boca dele mexeu-se. Só sentiu uma pancada profunda e dolorida. Mas ouve o tempo de suspirar uma última vez. Ele correu em direção já desesperado para abraça-la. Ao chegar perto de seu corpo, pode ver que mesmo com a batida e o possível susto que levou o sorriso continuava o mesmo. Uma lágrima caiu no rosto rosado e futuramente branco. Não surtia nenhuma palavra ou frase de seus lábios. Entendeu que a vida se desfez naquele momento. Que duas vidas se desfizeram. Avisou os familiares. Não teve coragem de ri ao enterro. Só teve animo de ir à lagoa que ficava perto de sua casa. Bem nos fundos, aonde da varanda toda de vidro podia-se ver o sol se por todos os dias. Com o mesmo sorriso que se perdeu em suas mãos naquela tarde anterior, nesta manhã, entrou nas águas quentes, de sol escaldante. Pensou em se refrescar. Mas não. Não pensou novamente, entrou e não voltou. Queria encontrá-la em um céu azul. Aonde a luz verde permitiria viverem juntos.

8 comentários:

Guga Pitanga disse...

As dores da perda podem trazer conseqüências imprevisíveis, inclusive uma nova perda.

Si disse...

Encontrei esse poema e lembrei imediatamente de você, moço poeta.

"Alguns versos são escritos
para serem lidos sem paginação sem tempo
são escritos enquanto as areias e os ventos se movem
barulhos da rua invadem as passagens...”
Nos jardins de Nîmes (fragmento) - Solange Rebuzzi

Beijos.

Anônimo disse...

Bela história, Rapha.

Na hora de morrer, quero ser como Virgínia Woof - consciente.

beijos!

Van disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Van disse...

Rapha...
É... A vida nos foge.
O tempo todo em que estendemos as mãos, ávidos, ela nos escorre por entre os dedos.
Fugidia e líquida.
Dor e recomeço.
Finita e contínua.
Não há outra alternativa senão ir em busca dela, diariamente.
Ela e seus azuis escondidos em algum buraco cravado na escuridão.
É preciso buscar a vida quando ela insiste em nos escapar.
É preciso....
É preciso....
É preciso viver, apesar de.

Beijuca enorme e obrigada pelo comentário.

Anônimo disse...

Meu Deus do céu!!!!

Rafa, que história mais triste!!!!!
Romeu e Julieta modernos!

A verdade é que esta história é mais bonita e mais comovente que a de Shakeaspeare!!!!!!!!!!!!!!

Muito linda!!!! Confesso que foi me dando um aperto no peito ao ler...

Beijo. Gisele

Ceisa Martins disse...

Nossa... Que triste! :(

Flávia disse...

Triste.

De uma tristeza que emociona e nos faz querer viver cada segundo - amando, sentindo, compartilhando.

Nem sei o que dizer... lindo demais, apesar da tristeza.

Beijos, moço.