quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

O “laiá” que se ouvia naquela cidade tornava-a felizmente mágica. Sentia-se o alarido de vozes e pessoas cantando e entoando músicas do interior de um Brasil, em uma festa aonde todos são recíprocos. Bucólica e afastada davam a idéia de que para uma outra dimensão era transportada. À realidade voltava-se a cada momento de confetes e serpentinas pairavam no ar até o momento curto de caírem-se ao chão. Era notório o sorriso estampado no rosto de cada pessoa, de cada criança. Surtia efeito todo o colorido que enfeitava a cidade. Flores e mais flores gritavam aos olhos de toda a massa que passeava por entre as ruas e vielas, algumas de pedras, mas que continham história. A Luz às vezes fraca juntava-se aos corpos flamejantes de pessoas querendo se apaixonar, apenas no carnaval. Bocas estridentes juntavam-se inadequadamente e outras com uma adequação certeira. Quenturas inflamavam pelas paredes da igreja daquela cidade. Carnal era o desejo das pessoas serem felizes. Aí vinha a chuva, para refrescar e esfriar um pouco a consciência daqueles que já estavam satisfeitos com tantas cantorias. Amanhecia o dia e parecia que as memórias do dia anterior eram jogadas no lixo, mas não, essas lembranças são eternas, mesmo que para lembra-las haveria de esperar por acabar toda a festa. Risos e sorrisos eram constantes, não haveria pudor nem despudor de perde-los. O contágio que a música fazia aos ouvidos mais distantes mexia com algo no corpo. E lá naquela cidade deixa-se a saudade do tempo interior para pensar e trazer prazer para o tempo posterior. Os olhos das pessoas encontravam-se e alargavam os lábios. As crianças tornavam a dança mais mágica e simples, faziam-nos levar a sério que a vida era apenas uma brincadeira, de criança, nesses poucos, mas cansativos, dias. Enfim, deixa-se a alegria, para transformar a vida em apenas vida. Sim, porque lá no meio da serra a cidade continua guardada, escondida para que a descubram apenas em uma outra oportunidade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Nooosssaaa, ta parecendo a descrição de Itanhandu! rssss

Muito linda sua descrição dos dias de folia de carnaval!
Gostei muito!

"As crianças tornavam a dança mais mágica e simples, faziam-nos levar a sério que a vida era apenas uma brincadeira, de criança, nesses poucos, mas cansativos, dias."

Beijo, Gisele
www.inventandoagentesai.blogspot.com

Anônimo disse...

Ô amigo pra gostar da folia carnavalesca (eu quis ser redundante mesmo)!

ótimo texto,
belíssimo 'laiá'!

beijomeu.

Guga Pitanga disse...

Conto de carnaval, um quê nostálgico...

É uma coisa que sempre passa por minha cabeça - os lugares do mundo estão todos lá, paradinhos, somente esperando por mim!

http://lenfantdeboheme.blogspot.com/

Si disse...

Confetes e serpentinas... Reciprocidade. Diversidade. Tentei resgatar tudo isso nesse ano. E foi o melhor carnaval de todos.

Seu post parece um filme.

Beijos.

Leo Sousa disse...

Ah, se eu conseguisse enxergar São Luiz por esse ângulo tinha ido pra lá horas (ou pra qq outro lugar que vc descrevesse)

Abraços Rapha!